sexta-feira, 15 de outubro de 2010

E agora?

"Daniele Toledo do Prado passou 37 dias presa na Cadeia Pública de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, em São Paulo. Na prisão, apanhou por cerca de 4 horas seguidas de outras detentas. Teve a mandíbula fraturada e uma caneta enfiada no ouvido, além de ficar com diversos hematomas no rosto, 85% da visão e 70% da audição direita comprometidas. Ela foi acusada de ter colocado cocaína na mamadeira da filha, Victoria Maria do Prado Iori, de um ano e três meses, que morreu em 29 de outubro de 2006 em Taubaté.

A menina chegou ao hospital com vômitos, crise convulsiva e síndrome de ausência (não reagia a estímulos de dor, tinha pressão e batimento cardíaco baixos). A acusação foi feita após uma médica e uma enfermeira que atenderam a criança terem relatado a existência de um 'pó branco' na boca da menina.

O laudo preliminar, feito no Instituto Médico Legal de Taubaté, onde Victoria morreu, apontou overdose de cocaína no leite. Foi com base neste laudo que a prisão de Daniele foi decretada. Mas o exame definitivo e, depois, o da contraprova, deram negativo.

Laudos de três testes realizados pelo Instituto de Criminalística (IC) comprovaram que a mamadeira não continha qualquer tipo de droga.

Em setembro de 2008, a Justiça absolveu Daniele. A mulher move ação contra o estado. A causa da morte da criança é considerada ignorada".  (http://oglobo.globo.com/cidades/sp/mat/2010/03/22/mae-acusada-de-colocar-cocaina-na-mamadeira-da-filha-passou-37-dias-presa-916137162.asp)

Agora pergunto:
 
Existe indenização possível num caso desses?

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Aplaudam Marisa. Caso contrário: processem-na.

Não sei como começar esse texto. Num primeiro momento, quando fiquei sabendo que Marisa, pelo texto acima publicado, havia sido criticada por uma autoridade representativa do município, pensei apenas em criticar o crítico se vocês me entendem. Porém, depois que tomei ciência, que além do representante municipal, também alguns munícipes estavam a criticar a defensora de seus direitos, aí definitivamente, perdi a linha, saí dos trilhos, ou se preferirem, como diz o ditado popular: me caiu os butiás do bolso.

Até posso entender que os representantes criticados viessem a se ofender pelas críticas (é complicado aceitar a verdade), mas é difícil de aceitar que aqueles que Marisa veio defender em seu artigo, viessem a criticá-la.

Decidi assim analisar o texto na íntegra e expor os pontos que acho que são relevantes, pois não acredito que isso tenha sido feito pelo representante maior do município (quando esse foi até a rádio local se pronunciar a respeito), como também não acredito que os munícipes que criticaram Marisa leram seu texto. Assim, peço que com atenção, façamos isso a partir desse momento.

No primeiro parágrafo, ou seja, na introdução a questão proposta, Marisa indaga se a população Alpestrense está sendo ignorante (por não cobrar que as obras prometidas sejam cumpridas) ou se está sendo ignorada pelo Poder Público, afinal, segundo ela, além das promessas, muita esperança se depositou com a vinda da Barragem Foz do Chapecó, e nada de melhorias à população pode ser verificado.

Mas é a partir do segundo parágrafo, que Marisa dá maior profundidade ao seu exercício cidadão. É ali que ela começa seus apontamentos, e consequentemente sua cobrança diante daquilo que, segundo ela, foi prometido. Marisa fala do transporte, da ponte destruída pela enchente no dia 22/11/09, e do esforço da população em construir (com recursos próprios) uma pinguela para que por ali ainda se possa transitar ao menos a pé. No mais, ela encerra o parágrafo, dando a entender que seria necessário um atendimento mais freqüente no Posto de Saúde de sua localidade.

No terceiro parágrafo de seu texto, Marisa que é diretora da Escola em sua localidade, reitera sua indignação diante das promessas dos políticos. Segundo ela, foi prometido a aproximadamente 8 anos atrás, pelo então Prefeito Municipal, juntamente com um engenheiro e um representante da comunidade, uma verba de R$ 70.000,00 para a construção de uma quadra de esportes para a escola. Ainda afirma denunciando, que esse ano, mais precisamente no dia 31/01/2010, esteve presente na localidade o Vice Prefeito Municipal, garantindo R$ 150.000,00 em recursos para construção da quadra poliesportiva, sendo que até agora, nada além da terraplanagem e de duas placas anunciando a obra, foi efetivado no local.

No quarto parágrafo, Marisa além de apontar a falta de boas estradas para o escoamento da produção agrícola, também mostra preocupação com relação a migração de agricultores para outros municípios. Segundo ela, tal migração se dá exatamente pelo descaso das autoridades com seus munícipes.

No quinto parágrafo, Marisa parte para o humor. Primeiramente ela indaga por onde estão os representantes, e depois pergunta se é justo que o projeto “BAFÔMETRO”, aprovado pelo Poder Legislativo, venha ser exclusivamente uma obrigatoriedade para os motoristas de máquinas. Assim indaga Marisa: “será que essa assopradinha não deveria ser estendida aos demais funcionários e patrões?”

Por fim, Marisa volta à pergunta inicial e questiona se diante de tudo isso que ela afirma é o povo ignorante ou é o povo ignorado. Eis as palavras de Marisa: “Por isso deixo aqui uma dúvida cruel. Povo ignorante ou povo ignorado? Posso ser ignorante, mas sou como São Tomé. Tenho que ver para crer. E na minha insignificante insignificância sei que é assegurado a todo o cidadão o direito de livre expressão, afinal moramos em um País democrático”.

Eu sinceramente não sei se o que Marisa afirma é verídico ou não, mas de uma coisa tenho certeza: Marisa teve coragem de falar, teve de coragem de exercer sua cidadania e de criticar aquilo que ela achou que deveria ser criticado. Também não sei o que as autoridades falaram de Marisa, mas deixo esse espaço aberto para quem desejar fazer uso dele. Como cidadão que já foi difamado (lembram do padre que foi até a rádio da minha cidade falar “bobagens” a meu respeito?), sei o quanto a verdade incomoda as autoridades e como elas (as autoridades) preferem atacar e falar das particularidades do autor ao invés das críticas que o autor expôs.

Para encerrar pergunto a vocês: Marisa mentiu? Falou inverdades absurdas? Se a resposta for afirmativa é simples: processem-na e façam valer a verdade, mas se a resposta for negativa, sugiro apenas que abram suas bocas para elogiá-la e que usem suas mãos para aplaudi-la, afinal, são poucos aqueles que, igualmente a Marisa, tomam coragem e fazem aquilo que deveriam fazer, ou seja: exercer verdadeiramente seu direito como cidadão.

Parabéns Marisa e um abraço a todos.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Problema da Cidadania

Vocês sabem: já fazem anos que deixei de acreditar na macro política, nos nossos representantes, e numa possível mudança de estrutura do sistema. Não é por nada que não escrevi nada sobre as eleições, e apenas publiquei um texto do Mafissoni, que de certa forma dizia aquilo que pensava sobre nosso pleito.

Falo disso, pois em meio a esse turbulento mês - que comecei meu estágio em sala de aula, que o Grêmio subiu na tabela e que fiz uma viagem a João Pessoa na Paraíba (sobre tudo isso, poderia e quem sabe ainda vou falar algo para vocês) - um fato ocorrido aqui no município de Alpestre-RS onde trabalho, chegou aos meus ouvidos me chamando a atenção. Na verdade tomei as dores, lembrei do meu passado recente e me indignei quando me falaram dos acontecimentos posteriores ao fato.

O fato em si, é que a cidadã Marisa Carnete, diretora da Escola Estadual de Farinhas resolveu exercer a cidadania. O que Marisa fez? Ela apenas publicou o texto abaixo, no Jornal Alto Uruguai do dia 18/09/2010.

Por ora, decidi publicar o texto na íntegra, para depois tecer alguns comentários a respeito. Antes disso, peço que façam a leitura do mesmo e tirem suas próprias conclusões.




Ignorantes ou Ignorados?

 


Em pleno século XXI ainda não consigo entender se as pessoas se as pessoas do nosso Município de Alpestre, principalmente as do interior são ignorantes ou se são ignoradas pelo poder Executivo e Legislativo, pois todos acreditavam que após sermos contemplados com a Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó, tudo seria melhor, e o povo seria o beneficiado, mas não vi nada disso, e continuo vendo o povo pagar o pato.

Principalmente na Localidade onde resido em Vila Farinhas, a qual possui uma Escola Estadual com 110 alunos, sou obrigada a ver todos os dias na escola alunos sonolentos, pois, por ironia do destino uma enchente levou a ponte que da acesso a Linha Estreito no dia 22/11/2009 e os bravos homens da Localidade, construíram uma pinguela com madeira doada por eles mesmos, mas nem todos tem coragem de passar, pois só passa a pé e os pobres alunos, estes tem que pegar o transporte e fazer um turismo extra, turismo esse, que tem um preço alto, embarque por volta das seis horas e desembarque aproximadamente seis horas depois. O mesmo acontece com o restante da comunidade, que utilizam o mesmo transporte para usufruir do PSF que é muito bonito, mas que só possui médico duas vezes por semana.

Também não consigo entender porque esses mesmos alunos, e os demais, têm que anunciaram a todos os presentes que já estava depositado em uma conta bancária na Caixa Econômica Federal a bagatela de R$ 70.000,00 que sem aviso prévio ou explicação, evaporou e o povão não chegou a ver um tostão e recentemente mais precisamente no dia 31/01/2010 o nosso Vice Prefeito anunciou no mesmo local na reinauguração do PSF que já estava disponibilizado a quantia irrisória de R$ 150.000,00 para a construção de uma quadra poliesportiva, e o que vi até agora foi uma terraplanagem e duas placas no local.

Mas o que mais dói é ver famílias largando tudo e indo tentar a sorte em outros municípios, por falta de incentivo e estradas para transportar suas colheitas e ter acesso digno, afinal esta escrito na Constituição que todos têm o direito de ir e vir. Mas ir como, a pé ou a cavalo? Acredito que deveria ser o contrário, pois em um município tão extenso e com pouca população quem vai produzir e pagar impostos para manter e quem sabe até melhorar o que já possuímos? Cadê nossos representantes que ainda não perceberam que depositamos neles a nossa confiança, para levar até os órgãos competentes nossa voz e recursos, afinal acabaram de aprovar um grande e muito importante projeto “O DO BAFÔMETRO” para os motoristas das máquinas, projeto esse que todos adoraram, pois afinal se antes o povão reclamava da demora das máquinas para arrumar as estradas, agora não sei como vai ser, pois as máquinas vão demorar mais para chegar até as suas casas porque primeiro os coitados dos motoristas além de mal pagos terão que passar pela humilhação da “assopradinha”. Na minha ingênua ignorância paira uma dúvida, será que essa assopradinha não deveria se estender também aos outros funcionários e aos patrões? Afinal ser baforado não deveria ser “luxo” somente de alguns.

Por isso deixo aqui uma dúvida cruel. Povo ignorante ou povo ignorado? Posso ser ignorante, mas sou como São Tomé. Tenho que ver para crer. E na minha insignificante insignificância sei que é assegurado a todo o cidadão o direito de livre expressão, afinal moramos em um País democrático.



Marisa P. Carnete

12/09/2010