quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Roubaram meu carro

Roubaram meu carro essa noite. Não. Na verdade, abriram meu carro, e furtaram o rádio que estava em seu interior. Nenhum prejuízo elevado.

O rádio era como o carro. Simples e barato. Valia menos que o carro obviamente, fato esse que me leva a crer, que ou o ladrão era um ladrão honesto (afinal buscou apenas alguns trocados para sobreviver), ou que era um ladrão inexperiente (que não pode levar o carro por não saber dirigir), o que faz dele, um ladrão sem muitas perspectivas de vida e de futuro incerto.

Pelos indícios do crime, desconfio que seja um pedreiro. Não um pedreiro, no sentido daquele que envolvido ao pó constrói casas empilhando tijolos, mas sim do pedreiro, que um dia se envolveu no pó e agora está perdido na pedra.

Tenho pena do ladrão. Provavelmente já trocou meu pobre rádio, por míseras pedras de crack, que já se perderam em fumaça.

Meu rádio, como o seu ladrão, já era. Não demorará muito, e, para alívio da comunidade, será encontrado morto por corvos e urubus. Essa é a realidade, e isso me entristece.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Estamos fudidos

“Ela vai acabar com a pobreza. Aí sim estamos fudidos”. A conversa entre dois empresários da cidade, que se dizem seres humanos, prosseguiu assim: “dias atrás precisava de uns “chapas” para descarregar o caminhão e eles queriam saber quanto ganhariam antes de descarregar. Eu disse: mas vão trabalhar. E eles me disseram: não trabalhamos sem saber quanto vai nos pagar. Mas olha se tem cabimento.” E o outro concluiu: “sabe porque isso? Porque agora eles tem o que comer.” Sim acreditem, foi exatamente isso que ouvi.

Eu não falei nada, mas saí feliz. Feliz por saber que a “mulher má” venceu, que o povo não caiu no baixo discurso religioso do “bem e da vida”, e por saber que agora, tendo o que comer, os chapas não estejam mais se submetendo por apenas um pedaço de pão a trabalhos indignos.

Estamos avançando acreditem.