É incrível como a história trata de modificar aquilo que temos por verdade. Pode demorar décadas ou até centenas de anos, mas ela, a história, nos mostra que a verdade de hoje pode ser a mentira de amanhã e vice - versa.
Houve um tempo em que o homem acreditava que a terra era o centro do universo; houve um tempo em que esquerda e direita existiam e que o Tricolor Gaúcho era infinitamente superior ao Colorado dos Pampas. Como disse, “houve um tempo”, mas hoje sabemos que essas verdades não eram verdades absolutas, e sim apenas momentos que marcaram a história.
Em outro campo da história, não muito tempo atrás, nossos irmãos indígenas não eram tidos como cidadãos. Vivendo no “meio do mato” e não sentindo necessidade de explorar a terra que habitavam, eles “apenas” coexistiam com a natureza e a eles nada faltava. Porém, segundo nós brancos, “eles estavam sem rumo”, e a eles, em nome da exploração da terra, tratamos de dar um caminho. Negligenciamos sua religião e sua ciência e tratamos de catequizá-los e ensiná-los. Eliminamos sua cultura, e demos a eles a nossa civilização. Porém, como afirmei anteriormente, o mundo da voltas, e a verdade de hoje pode ser a mentira de outrora.
Atualmente, temos um exemplo claro de como a história nos trai e nos prega peças. Ano passado, quase que no mesmo período, surgiram problemas distintos nas rodovias que ligam Planalto a Nonoai, e Planalto a Alpestre. Na rodovia que liga Planalto a Nonoai - e que conta com a presença de índios - observamos que a cidadania foi exercida e que os objetivos foram alcançados. Ali houve mobilização e exercício político por parte dos indígenas, que culminaram com a conquista de uma estrada sinalizada e segura para aquele povo. Já se olharmos para a rodovia que liga Planalto a Alpestre – e que não conta com a presença de índios - veremos que ali, ao invés de mobilização houve apatia e falta de exercício político, ou em outras palavras, falta de cidadania. Ali um bueiro rompeu ainda no mês de outubro, e continua sem reparos.
Sinceramente, espero que o mundo continue a dar voltas, e que um dia possamos aprender um pouco sobre política e cidadania com nossos irmãos indígenas.