terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Aprendendo a como não dar uma aula.


A raiva, a angústia, o sofrimento de nada fazer diante do ridículo me fazem bem. É essa raiva e essa angústia que me deixam atônitos, com vontade de acabar com tudo. Esses sentimentos, que num primeiro momento, gostaria de jamais sentir, são os que alimentam a minha escrita, e tudo ou quase tudo o que me disponho a escrever. É ela, a escrita, que funciona para mim como uma arma, onde posso disparar contra o ridículo escancarado e incrivelmente aceito. Não, não se preocupem, os religiosos de plantão, muito menos os publicitários e agentes propagandistas da mídia alienadora, minha crítica hoje, não vai para vocês. Minha crítica, e toda minha raiva contida, e aqui desabafada, vai para os educadores, para aqueles que dizem querer libertar, despertar e construir o conhecimento nos alunos.
Ontem tive aula de didática. A princípio, deveríamos aprender a como ministrar nossas aulas, quando formos educadores. Ontem, adquiri um grande aprendizado: aprendi como não devo ministrar minhas aulas.
O ambiente "sala de aula" por si só é ridículo. É impossível, dar aula a cinquenta alunos. Colocar cinquenta alunos numa sala de aula e querer que eles aprendam, não é educação, é arrecadação. Mas o que me causou riso e raiva foi a justificativa da matéria. A justificativa, é o porquê aquela matéria existe, enfim, porquê temos que estar ali. Vejamos. Diz lá: "devemos tornar vivo o exercício da democracia, da pluralidade, do realizar e avaliar os problemas e as ações planejadas". Lindo não é? E continua: " O planejamento participativo ( que é o que a mestre propõe), necessita de liberdade de expressão e da capacidade de reflexão crítica do grupo..."( embora ela, a todo momento estivesse preocupada em acabar todo o conteúdo e falasse contanstemente da metodologia que deveremos aplicar em sala de aula). Não quis complicar a aula( não senti liberdade para isso), mas existe um mar de contradições. Primeiro, porquê ela fala em liberdade, e depois, em planejamento, metodologia e formas de fazer um todo aprender tudo. Segundo, quando se fala em reflexão crítica, onde na verdade a preocupação não está na criticidade do aluno e sim na obrigatoriedade do professor em acabar com o conteúdo previamente planejado. Não entendo como que dentro de algo planejado e que tem que ser ministrado, pode haver liberdade para a opinião, para o diálogo e para a criticidade. Não vou ficar citando todas contradições da aula, é perda de tempo, porém quero deixar um reflexão.
O que realmente importa? O professor livrar-se de um conteúdo pré-estabelecido, sem ninguém entende-lo? Ou o professor fazer o aluno entender um pouco do que existe no conteúdo, mas com ao menos a satisfação de ver que algo foi assimilado?
Por fim, agradeço a péssima aula, pois além de me inspirar a escrita, ao menos assimilei o que não devo ser como professor, ou melhor, como não devo ministrar minhas futuras aulas.
Uma ótima terça a todos.

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