terça-feira, 14 de setembro de 2010

"ELEIÇÕES 2010: OS PRESIDENCIÁVEIS" por Marcos Maffissoni*

 Me prestei, hoje, enfim, a assistir um debate dos presidenciáveis. Pra ser mais organizado e sistemático, vou falar separadamente de cada um deles.

            Primeiro o Serra. O Serra é o cara que todos já imaginavam que não teria muita chance de ganhar a presidência caso o PT colocasse qualquer candidato. Qualquer mesmo: se um cachorro fosse indicado por Lula, provavelmente se sagraria o primeiro presidente canino do país. Mas o PT desistiu do ‘melhor amigo do homem’ e resolveu inscrever Dilma: a melhor amiga das mulheres. Apesar da péssima escolha petista, as chances de Serra são ínfimas. O que não o proibiu de piorá-las. Ou ele é muito burro ou deixou que outro alguém muito burro lhe escolhesse uma tática de campanha absurdamente equivocada. : o que daria na mesma. No tal debate os candidatos podiam fazer perguntas entre si. Serra só pediu para Dilma. Dilma jamais pediu para Serra. Só Dilma aparecia. Serra insistia que sua filha foi violada, e ao invés de perceber seu genro como o corruptor, acusa o PT. Parecia uma criança chorona. E das mais chatas. Ele também sabe que não pode atacar o Lula (o intocável). Botou-se na árdua e contraditória labuta de se comparar ao Lula, mas ao mesmo tempo de denegrir o governo lulista, e também de prometer continuá-lo. Na melhor performance ‘cego em tiroteio’ consegue assustadoramente piorar suas chances. Sozinho.

            Por segundo, falemos da Dilma. Não é novidade para ninguém (nem para os atrasados gremistas que ainda não descobriram que já não mandam no futebol do Sul) que Dilma, apesar de ser do PT, não tem estrela. Por mais que Lula e a cúpula petista se esforçassem, dificilmente conseguiriam encontrar uma figura com menos carisma e menos apta a assumir a presidência do país do que Dilma. Se ela ganhar (o que é muito provável) Lula afirmará seu poder quase divino: eleger ao cargo mais importante do país (talvez só menor que a presidência do Colorado) uma inelegível até para grêmio estudantil de escola do interior do Acre (aliás, o Acre tem sua candidata). Por outro lado, se Dilma perder, o PT e o Lula terão perdido a partida mais ganha da história da política brasileira. Mas como já foi dito, no debate só ela falou: sua equipe foi inteligente em fazê-la perguntar aos outros candidatos, menos ao chorão Serra, temas brandos que só a reafirmavam. É certo que ela faltou a todas as aulas de simpatia, oratória e retórica. Fala mal, gesticula mal, se expressa mal, tem cara de mal. Mas vai ganhar. Não tem proposta senão a de manter o PT no poder. Mas vai ganhar. E não, não é piada. Ela nem se esforça muito: só tenta deixar evidente que a merda de agora fede menos que a anterior, o que é verídico. E a ditadura do ‘menos pior’ lhe garantirá quatro anos de um pomposo e bem remunerado emprego de fantoche.

            Por terceiro, vamos à Marina. Acreana, jurava que o Acre a apoiaria. É apenas a terceira colocada nas intenções de voto de seu estado... Também pudera. Marina é a típica candidata ‘não fede e não cheira’. Fala única e exclusivamente de preservação do meio-ambiente (um tema já pouco estimulante para nossas corridas vidas capitalistas destrutivas e inconseqüentes), e mesmo assim não consegue ter o mínimo, o mais pequenino, um fiapinho que fosse de entusiasmo. Com sua voz fina e rouca, sua cara de ressaca e sua língua enrolada, parece constantemente estar sob forte efeito de álcool. Tende a ser mais amiguinha do Serra do que da Dilma. E justamente como o Serra, tem alta habilidade em se manter o tempo todo perdida e com um semblante de quem a qualquer instante pode irromper em uma constrangedora interrogação: ‘onde estou, posso saber’?!

            E por último, mas não menos importante (nem mais também) o Plínio. Plínio tem por base de campanha afirmar-se diferente dos outros três. E consegue: além de sua cara de extraterrestre ou, quiçá, de duende aposentado, ele é um socialista. Contraditório: é um socialista católico. Mas Plínio pelo menos é engraçado. Irreverente. Gosta de por os outros em saia justa e, diferente dos outros três, apesar de defender propostas que não são nem um pouco elegíveis num país com uma mídia tão norte-americana como o nosso, é o único que parece acreditar no que propõe. Tem o melhor discurso, a melhor retórica, a maior simpatia, mas o partido menos expressivo. De mais a mais, é somente por ele que os debates têm um ‘Q’ de agradável. Ele é engraçado, irônico, um quase humorista. Em uma época em que a política não passa de uma piada (e quase sempre sem graça!), Plínio parece ser o mais indicado a nos fazer rir. Não gostaria nem de imaginá-lo no poder, mas simpatizo com ele. Como também não gostaria nem de imaginar nenhum dos outros três no poder e não simpatizo com nenhum desses outros três, é só o Plínio que poderá me convencer a não votar nulo. Se ele mandar alguém a PQP antes do final da campanha, terá meu voto. Suspeito que coisas assim sejam até do feitio desse bem humorado senhor.

            Por fim, como sempre quando se fala em política: lamentável. E mais lamentável ainda é que nós, os eleitores, sejamos tão ingênuos e desleixados para engolir que um desses quatro é que deve nos governar. Merecíamos algo bem melhor. Mas vai ver, antes seja necessário começarmos a ser, nós, melhores. Vai ver já está na hora de nos implicarmos mais com os caminhos e descaminhos do país e repudiarmos esse nefasto show de humor negro que a política nacional, faz hora, se transformou. Enquanto não propormos nem fizermos nada, eles continuarão propondo e fazendo por nós: a mesma quantia lamentável de coisas que sempre fizeram. E não é só deles a culpa. Sacou, mané?!

* Marcos Maffissoni, além de ser um ser bastante desiludido com o amor conjugal, é colorado (o que o faz um ser inteligentíssimo), músico, e entre outras atividades, também cursa filosofia na UNOCHAPECO.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Novos Tempos de Paz.


Eu pensei em criticar. Juro que pensei. Criticar no meu sentido sabem? Ironizando, debochando e “alfinetando” (esse termo não é meu, escutei ele de uma autoridade). Porém desisti. Mudei de estratégia. Encontrei um novo caminho. Um caminho mais positivo, mais tranqüilo, sem muitos espinhos. De agora em diante, vou ver apenas o lado bom das coisas. Serei mais ou menos como um portal de notícias, sempre imparcial.

Desculpem-me se nesse primeiro texto ainda mantiver alguns resquícios daquele longínquo tempo em que fui um debochado irônico alfinetador de contradições.  Não é fácil mudar assim, da noite pro dia. Mas vamos lá. Prometo fazer grandiosos esforços para me manter em paz com vocês. 

Por falar em paz, é sobre ela que quero falar.

No último sábado tivemos a caminhada da paz em Planalto. Creio que nunca na história de Planalto, uma caminhada fez tantas pessoas felizes. Definitivamente, houve consenso geral entre as classes: alunos e professores, funcionários públicos municipais e seus respectivos patrões. Todos de olho no próprio umbigo e empunhando a bandeira da paz.

Os alunos, em acordo com seus professores, receberam folga da marcha habitual de Sete de Setembro, e mais alguns pontos na média geral para participar do evento. Funcionários públicos receberam dispensa do trabalho no dia de hoje por terem comparecido na caminhada. Tudo pela paz, pelas notas, e pelo feriadão é claro. O único ponto negativo do "movimento fim guerra” foi o professor de filosofia que não aderiu ao movimento de compra de alunos, digo, de estímulo a aprovação colegial. Ninguém entendeu ou soube dizer o porquê de tal atitude. Dizem que se negou a negociar com os alunos, pois segundo ele, “negócio” é fruto do capital, e que negociar feriria seus princípios. 

O importante enfim (tirando a rebeldia do professor de filosofia), é que tudo ocorreu dentro dos conformes. Tudo dentro do planejado: houve comparecimento em massa da população (caminhando ou aplaudindo com segurança), os alunos estão quase todos aprovados, os funcionários públicos terão feriadão, e os veículos de comunicação do município já tem o que postar na próxima edição do jornal. Dizem que até a RBS, e vários postulantes a um cargo na Assembléia Legislativa do Estado e a Câmara Federal estiveram presentes. As más línguas dizem que vieram por causa da eleições, mas isso é conversa pra boi dormir.

Eu sinceramente estou arrependido. Sinto que perdi uma grande chance de mostrar minha nova cara. Já imaginaram se apareço na TV, todo de branco, sorrindo, e segurando um belo cartaz branco? Seria perfeito.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Aos que não acreditam no que falo.

Stephen Hawking lança livro e diz que Big Bang foi consequência da lei da gravidade

Para cientista britânico, Deus não tem mais lugar nas teorias sobre a criação do universo

Stephen Hawking lança livro e diz que Big Bang foi consequência da lei da gravidade<br /><b>Crédito: </b> AFP
Stephen Hawking lança livro e diz que Big Bang foi consequência da lei da gravidade
Crédito: AFP

Deus não tem mais lugar nas teorias sobre a criação do universo, devido a uma série de avanços no campo da física. A afirmação é do cientista britânico Stephen Hawking em seu novo livro, que teve trechos divulgados nesta quinta-feira. Demonstrando uma posição mais dura em relação à religião do que a assumida nas páginas do best-seller internacional "Uma breve história do tempo", de 1988, Hawking diz que o Big Bang foi simplesmente uma consequência da lei da gravidade.

"Por haver uma lei como a gravidade, o universo pode e irá criar a ele mesmo do nada. A criação espontânea é a razão pela qual algo existe ao invés de não existir nada, é a razão pela qual o universo existe, pela qual nós existimos", escreve o célebre cientista em "The grand design", que será publicado em série no jornal The Times.
"Não é necessário que evoquemos Deus para iluminar as coisas e criar o universo", acrescenta.

Hawking se tornou mundialmente famoso com suas pesquisas, livros e documentários, apesar de sofrer desde os 21 anos de idade de uma doença motora degenerativa que o deixou dependente de uma cadeira de rodas e de um sintetizador de voz.

Em "Uma breve história do tempo", Hawking sugeria que a ideia de Deus ou de um ser divino não é necessariamente incompatível com a compreensão científica do universo. Em seu mais recente trabalho, no entanto, Hawking cita a descoberta, feita em 1992, de um planeta que orbita uma estrela fora de nosso Sistema Solar, como um marco contra a crença de Isaac Newton de que o universo não poderia ter surgido do caos.

"Isso torna as coincidências de nossas condições planetárias - o único sol, a feliz combinação da distância entre o Sol e a Terra e a massa solar - bem menos importantes, e bem menos convincentes, como evidência de que a Terra foi cuidadosamente projetada apenas para agradar aos seres humanos", afirma Hawking.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Alguém explica?


Sou limitado. Extremamente limitado. Tenho sérias dificuldades para entender algumas coisas.  Por outro lado, tenho minhas qualidades também. Consigo entender, por exemplo, o que levou o goleiro Bruno a encomendar a morte de Eliza Samudio e também os motivos que estimularam os dois fiéis cristãos a espancar ou apedrejar quase até a morte um ser a sua imagem e semelhança. Para mim tudo muito simples: Bruno matou por desespero e os fiéis espancaram por Deus.

No caso de Bruno, ele apenas não admitia que uma atriz pornô, uma “mulher da noite”, que servia a ele e a toda torcida do Flamengo, viesse a lhe encher o saco por causa de um filho indesejado. Para Bruno, Eliza servia apenas para esvaziar o saco e não para enchê-lo. Assim, envolvido pelo desespero de ter um filho com uma, digamos, prostituta, Bruno não teve dúvidas: na primeira possibilidade que teve mandou a “cadela” para o canil. Uma crueldade claro, mas compreensível se pensada friamente.

Já o caso dos fiéis é mais fácil de compreender. Eles apenas fizeram a vontade de Deus. Está na Bíblia, podem verificar. Tanto no Novo como no Antigo Testamento. Assim diz Jeremias “Eis que encherei de embriaguez a todos habitantes desta terra, e aos reis da estirpe de Davi, que estão assentados sobre o seu trono, e aos sacerdotes, e aos profetas, e a todos os habitantes Jerusalém. E fá-los-ei em pedaços jogando uns contra os outros, e juntamente os pais com os filhos, diz o Senhor: não perdoarei, nem pouparei, nem terei deles compaixão, para que não os destrua” (Jr 13: 13-14). Já no Novo Testamento, ou seja, nas palavras de Cristo, segundo São Matheus, assim afirma: “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10: 34). Viram que fácil de entender os fiéis espancadores?  Tá tudo lá, justificadinho.

Mas como ia dizendo a vocês, existem crimes cruéis que consigo entender e fatos aparentemente simples que fogem da minha compreensão. Não entendo, por exemplo, o que leva um universitário ou universitária, maior de idade, vir a importunar todo um ônibus universitário que clama por descanso, ou ainda, o que leva um profissional renomado a apedrejar a casa de dois idosos. O primeiro caso presenciei ontem. O segundo chegou aos meus ouvidos no final de semana. Obviamente que não vou citar nomes, mas esses atos, aparentemente muito mais simples que os nossos dois primeiros crimes, me intrigam e me levam acreditar que tudo está perdido. Vou tentar entender, procurar no Google, quem sabe ler a Bíblia de cabo a rabo para encontrar alguma resposta. Mas enfim, como disse: sou limitado para certas coisas. Definitivamente limitado.