Não sei como começar esse texto. Num primeiro momento, quando fiquei sabendo que Marisa, pelo texto acima publicado, havia sido criticada por uma autoridade representativa do município, pensei apenas em criticar o crítico se vocês me entendem. Porém, depois que tomei ciência, que além do representante municipal, também alguns munícipes estavam a criticar a defensora de seus direitos, aí definitivamente, perdi a linha, saí dos trilhos, ou se preferirem, como diz o ditado popular: me caiu os butiás do bolso.
Até posso entender que os representantes criticados viessem a se ofender pelas críticas (é complicado aceitar a verdade), mas é difícil de aceitar que aqueles que Marisa veio defender em seu artigo, viessem a criticá-la.
Decidi assim analisar o texto na íntegra e expor os pontos que acho que são relevantes, pois não acredito que isso tenha sido feito pelo representante maior do município (quando esse foi até a rádio local se pronunciar a respeito), como também não acredito que os munícipes que criticaram Marisa leram seu texto. Assim, peço que com atenção, façamos isso a partir desse momento.
No primeiro parágrafo, ou seja, na introdução a questão proposta, Marisa indaga se a população Alpestrense está sendo ignorante (por não cobrar que as obras prometidas sejam cumpridas) ou se está sendo ignorada pelo Poder Público, afinal, segundo ela, além das promessas, muita esperança se depositou com a vinda da Barragem Foz do Chapecó, e nada de melhorias à população pode ser verificado.
Mas é a partir do segundo parágrafo, que Marisa dá maior profundidade ao seu exercício cidadão. É ali que ela começa seus apontamentos, e consequentemente sua cobrança diante daquilo que, segundo ela, foi prometido. Marisa fala do transporte, da ponte destruída pela enchente no dia 22/11/09, e do esforço da população em construir (com recursos próprios) uma pinguela para que por ali ainda se possa transitar ao menos a pé. No mais, ela encerra o parágrafo, dando a entender que seria necessário um atendimento mais freqüente no Posto de Saúde de sua localidade.
No terceiro parágrafo de seu texto, Marisa que é diretora da Escola em sua localidade, reitera sua indignação diante das promessas dos políticos. Segundo ela, foi prometido a aproximadamente 8 anos atrás, pelo então Prefeito Municipal, juntamente com um engenheiro e um representante da comunidade, uma verba de R$ 70.000,00 para a construção de uma quadra de esportes para a escola. Ainda afirma denunciando, que esse ano, mais precisamente no dia 31/01/2010, esteve presente na localidade o Vice Prefeito Municipal, garantindo R$ 150.000,00 em recursos para construção da quadra poliesportiva, sendo que até agora, nada além da terraplanagem e de duas placas anunciando a obra, foi efetivado no local.
No quarto parágrafo, Marisa além de apontar a falta de boas estradas para o escoamento da produção agrícola, também mostra preocupação com relação a migração de agricultores para outros municípios. Segundo ela, tal migração se dá exatamente pelo descaso das autoridades com seus munícipes.
No quinto parágrafo, Marisa parte para o humor. Primeiramente ela indaga por onde estão os representantes, e depois pergunta se é justo que o projeto “BAFÔMETRO”, aprovado pelo Poder Legislativo, venha ser exclusivamente uma obrigatoriedade para os motoristas de máquinas. Assim indaga Marisa: “será que essa assopradinha não deveria ser estendida aos demais funcionários e patrões?”
Por fim, Marisa volta à pergunta inicial e questiona se diante de tudo isso que ela afirma é o povo ignorante ou é o povo ignorado. Eis as palavras de Marisa: “Por isso deixo aqui uma dúvida cruel. Povo ignorante ou povo ignorado? Posso ser ignorante, mas sou como São Tomé. Tenho que ver para crer. E na minha insignificante insignificância sei que é assegurado a todo o cidadão o direito de livre expressão, afinal moramos em um País democrático”.
Eu sinceramente não sei se o que Marisa afirma é verídico ou não, mas de uma coisa tenho certeza: Marisa teve coragem de falar, teve de coragem de exercer sua cidadania e de criticar aquilo que ela achou que deveria ser criticado. Também não sei o que as autoridades falaram de Marisa, mas deixo esse espaço aberto para quem desejar fazer uso dele. Como cidadão que já foi difamado (lembram do padre que foi até a rádio da minha cidade falar “bobagens” a meu respeito?), sei o quanto a verdade incomoda as autoridades e como elas (as autoridades) preferem atacar e falar das particularidades do autor ao invés das críticas que o autor expôs.
Para encerrar pergunto a vocês: Marisa mentiu? Falou inverdades absurdas? Se a resposta for afirmativa é simples: processem-na e façam valer a verdade, mas se a resposta for negativa, sugiro apenas que abram suas bocas para elogiá-la e que usem suas mãos para aplaudi-la, afinal, são poucos aqueles que, igualmente a Marisa, tomam coragem e fazem aquilo que deveriam fazer, ou seja: exercer verdadeiramente seu direito como cidadão.
Parabéns Marisa e um abraço a todos.