quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Problema da Cidadania

Vocês sabem: já fazem anos que deixei de acreditar na macro política, nos nossos representantes, e numa possível mudança de estrutura do sistema. Não é por nada que não escrevi nada sobre as eleições, e apenas publiquei um texto do Mafissoni, que de certa forma dizia aquilo que pensava sobre nosso pleito.

Falo disso, pois em meio a esse turbulento mês - que comecei meu estágio em sala de aula, que o Grêmio subiu na tabela e que fiz uma viagem a João Pessoa na Paraíba (sobre tudo isso, poderia e quem sabe ainda vou falar algo para vocês) - um fato ocorrido aqui no município de Alpestre-RS onde trabalho, chegou aos meus ouvidos me chamando a atenção. Na verdade tomei as dores, lembrei do meu passado recente e me indignei quando me falaram dos acontecimentos posteriores ao fato.

O fato em si, é que a cidadã Marisa Carnete, diretora da Escola Estadual de Farinhas resolveu exercer a cidadania. O que Marisa fez? Ela apenas publicou o texto abaixo, no Jornal Alto Uruguai do dia 18/09/2010.

Por ora, decidi publicar o texto na íntegra, para depois tecer alguns comentários a respeito. Antes disso, peço que façam a leitura do mesmo e tirem suas próprias conclusões.




Ignorantes ou Ignorados?

 


Em pleno século XXI ainda não consigo entender se as pessoas se as pessoas do nosso Município de Alpestre, principalmente as do interior são ignorantes ou se são ignoradas pelo poder Executivo e Legislativo, pois todos acreditavam que após sermos contemplados com a Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó, tudo seria melhor, e o povo seria o beneficiado, mas não vi nada disso, e continuo vendo o povo pagar o pato.

Principalmente na Localidade onde resido em Vila Farinhas, a qual possui uma Escola Estadual com 110 alunos, sou obrigada a ver todos os dias na escola alunos sonolentos, pois, por ironia do destino uma enchente levou a ponte que da acesso a Linha Estreito no dia 22/11/2009 e os bravos homens da Localidade, construíram uma pinguela com madeira doada por eles mesmos, mas nem todos tem coragem de passar, pois só passa a pé e os pobres alunos, estes tem que pegar o transporte e fazer um turismo extra, turismo esse, que tem um preço alto, embarque por volta das seis horas e desembarque aproximadamente seis horas depois. O mesmo acontece com o restante da comunidade, que utilizam o mesmo transporte para usufruir do PSF que é muito bonito, mas que só possui médico duas vezes por semana.

Também não consigo entender porque esses mesmos alunos, e os demais, têm que anunciaram a todos os presentes que já estava depositado em uma conta bancária na Caixa Econômica Federal a bagatela de R$ 70.000,00 que sem aviso prévio ou explicação, evaporou e o povão não chegou a ver um tostão e recentemente mais precisamente no dia 31/01/2010 o nosso Vice Prefeito anunciou no mesmo local na reinauguração do PSF que já estava disponibilizado a quantia irrisória de R$ 150.000,00 para a construção de uma quadra poliesportiva, e o que vi até agora foi uma terraplanagem e duas placas no local.

Mas o que mais dói é ver famílias largando tudo e indo tentar a sorte em outros municípios, por falta de incentivo e estradas para transportar suas colheitas e ter acesso digno, afinal esta escrito na Constituição que todos têm o direito de ir e vir. Mas ir como, a pé ou a cavalo? Acredito que deveria ser o contrário, pois em um município tão extenso e com pouca população quem vai produzir e pagar impostos para manter e quem sabe até melhorar o que já possuímos? Cadê nossos representantes que ainda não perceberam que depositamos neles a nossa confiança, para levar até os órgãos competentes nossa voz e recursos, afinal acabaram de aprovar um grande e muito importante projeto “O DO BAFÔMETRO” para os motoristas das máquinas, projeto esse que todos adoraram, pois afinal se antes o povão reclamava da demora das máquinas para arrumar as estradas, agora não sei como vai ser, pois as máquinas vão demorar mais para chegar até as suas casas porque primeiro os coitados dos motoristas além de mal pagos terão que passar pela humilhação da “assopradinha”. Na minha ingênua ignorância paira uma dúvida, será que essa assopradinha não deveria se estender também aos outros funcionários e aos patrões? Afinal ser baforado não deveria ser “luxo” somente de alguns.

Por isso deixo aqui uma dúvida cruel. Povo ignorante ou povo ignorado? Posso ser ignorante, mas sou como São Tomé. Tenho que ver para crer. E na minha insignificante insignificância sei que é assegurado a todo o cidadão o direito de livre expressão, afinal moramos em um País democrático.



Marisa P. Carnete

12/09/2010



Um comentário:

Anônimo disse...

Quiçá os alunos estejam sonolentos não pela ponte, mas em razão da falta de incentivo para o aprendizado que recebem de seus exímios professores. Especialmente para a leitura, já que precisam conviver com mestres como a nobre autora da carta que, no parágrafo em questão, conseguiu a façanha de escrever nove intermináveis linhas sem um ponto sequer! Quase fiquei sem ar ao ler... Uuffaaa!
Haja vontade de aprender... Pobres alunos!

Ademais... Viva a democracia. E viva também o bom senso, segundo o qual critiquem os que primeiro façam direito a sua parte.