"Todo homem precisa de uma empregada" diria Neil Young. Eu no caso, tenho uma diarista. Preciso de uma diarista. Porém, minha diarista é especial. Ela parece estar criando um novo ramo no ramo das diaristas. Vejam que interessante: minha diarista tem uma funcionária, ou uma aluna se preferirem. Não cheguei a pedir maiores detalhes, mas pelo visto ela está em fase de testes com vistas num novo empreendimento. Tem tudo para ser dona do próprio negócio. Vejam só.
Dias atrás cheguei em casa no horário de serviço e lá estava minha diarista, parada e fumando, enquanto outra senhora fazia o serviço. Me disse que trabalhavam em conjunto. A senhora preferiu o silêncio. É a união do útil e do agradável, pensei. Enquanto uma fuma a outra limpa. Mesmo desconfiado, imaginei uma grande cooperativa de empregadas, correndo a cidade e limpando os lares em mutirão. No fim reuniriam o dinheiro arrecadado e dividiriam em partes iguais. Que lindo. Seria enfim, o primeiro passo em direção ao comunismo. O segundo passo seria tomar os meios de produção (a vassoura, o balde e os respectivos produtos de limpeza). Porém, e para variar, estava enganado.
Dias depois, voltei a minha casa "fora de hora", e encontrei minha diarista, novamente ociosa, e uma menina se empenhando no serviço. Perguntei da outra senhora. "Ela não servia" me respondeu. Me assustei. Pensei na exploração do trabalho infantil, no trabalho escravo, na criança fora da escola. Me explicou que estava somente ensinando sua sobrinha a ganhar seus primeiros trocados. "Ela já está crescidinha, na hora de começar" disse ela. Aos poucos me tranquilizei. Entendi o novo empreendimento da minha empregada. Ela inaugurou uma escola. Uma escola moderna, voltada desde cedo ao mercado, bem mais prática que teórica. Ali as alunas (99% são alunas e 1 % não sabe) já ganham uns trocados para aprender. O salário? O salário é a metade do valor do dia de serviço, e a mensalidade, lógico, é a outra metade. Marx chamou isso de mais valia, minha empregada mesmo sem querer chama de educação com vistas no mercado selvagem capitalista, e eu chamo de...bem, eu como o Neil Young, sou homem, e preciso de uma empregada.
Dias atrás cheguei em casa no horário de serviço e lá estava minha diarista, parada e fumando, enquanto outra senhora fazia o serviço. Me disse que trabalhavam em conjunto. A senhora preferiu o silêncio. É a união do útil e do agradável, pensei. Enquanto uma fuma a outra limpa. Mesmo desconfiado, imaginei uma grande cooperativa de empregadas, correndo a cidade e limpando os lares em mutirão. No fim reuniriam o dinheiro arrecadado e dividiriam em partes iguais. Que lindo. Seria enfim, o primeiro passo em direção ao comunismo. O segundo passo seria tomar os meios de produção (a vassoura, o balde e os respectivos produtos de limpeza). Porém, e para variar, estava enganado.
Dias depois, voltei a minha casa "fora de hora", e encontrei minha diarista, novamente ociosa, e uma menina se empenhando no serviço. Perguntei da outra senhora. "Ela não servia" me respondeu. Me assustei. Pensei na exploração do trabalho infantil, no trabalho escravo, na criança fora da escola. Me explicou que estava somente ensinando sua sobrinha a ganhar seus primeiros trocados. "Ela já está crescidinha, na hora de começar" disse ela. Aos poucos me tranquilizei. Entendi o novo empreendimento da minha empregada. Ela inaugurou uma escola. Uma escola moderna, voltada desde cedo ao mercado, bem mais prática que teórica. Ali as alunas (99% são alunas e 1 % não sabe) já ganham uns trocados para aprender. O salário? O salário é a metade do valor do dia de serviço, e a mensalidade, lógico, é a outra metade. Marx chamou isso de mais valia, minha empregada mesmo sem querer chama de educação com vistas no mercado selvagem capitalista, e eu chamo de...bem, eu como o Neil Young, sou homem, e preciso de uma empregada.