sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A separação.

Fazia tempo que estávamos juntos. Há tempos que nossos corpos, principalmente línguas e bocas se envolviam. Ela sempre mais submissa do que ativa, me cuidava como ninguém. Delicada, me proporcionava poder aspirar a refrescante natureza.

Porém, já não era mais a mesma. Já não tinha o mesmo capricho que tinha me feito se apaixonar. Estava batida, velha, maltratada. Não por mim, mas pelo tempo. Eu sempre a havia prestado todos cuidados, mas o tempo, aquele maldito curso inevitável da existência, tinha se encarregado de destruí-la.

Quando a encontrei, escabelada e suja, deitada sob a piá do banheiro, não tive dúvidas em substituí-la. Era o momento certo. Eu não precisava ter visto aquilo. Ela, um dia tão bela, estava em fase terminal. Eu tinha enfim, justificativas para dela me separar. Corri ao mercado: comprei uma nova escova de dente.

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