terça-feira, 27 de maio de 2008

Eu duvido que cosigam ler até o final, se conseguirem...meus parabéns.

Angústia Existencial

O que pretendo me fazer entender hoje, é interessante e pertinente. Ouso dizer, que o tema abordado, seja, possivelmente, geral a todos nós seres humanos pensantes. O que quero falar hoje, e aí está a complexidade do assunto, é sobre a angústia existencial. Quero falar dessa angústia que nos apavora e ao mesmo tempo nos alimenta. Desse vazio que sentimos uma boa parte do tempo procurando preencher. Pretendo dizer algo sobe essa mesma angústia que nos move em busca de nossos amores, ou das chamadas almas gêmeas, como queiram chamar. O que é a alma gêmea senão um sonho de completude existencial? Pois é esse desejo infinito de falta, que me faz chegar à conclusão inevitável, que, se existe algo universal a todos os seres humanos, isso se chama angústia. Vou tentar traçar algumas linhas sobre esse sentimento, essa solidão existencial que nos fez criar as mais diversas formas de filosofias e de religiões.

Filosofia e religião, acredito, tenham nascido da mesma vertente. Nascem da fonte provocada por esse vazio existencial dito anteriormente. Tanto a filosofia, como a religião, num primeiro momento, buscam a mesma coisa. A primeira tem como ponto de partida a busca pelo saber, e a segunda, uma busca pela sintonia do ser diante do mundo. A filosofia criou a razão, e a religião criou formas para que pudéssemos suportar a razão.

Vivemos fugindo, não interessa para onde e de que forma. Não suportamos ficar parados, pensando, raciocinando, contemplando a cruel existência. A filosofia , seria isso, contemplar a existência e encontrar prazer mesmo no sofrimento que ela proporciona. Aí está a grande diferença entre a filosofia e a religião. Enquanto a primeira, mantém a liberdade de busca, a segunda dogmatiza essa busca dizendo: é este o caminho.

“Este é o caminho”, quando a religião afirma isso, ela nega a vida e separa-se da filosofia. Nada mais embrutecedor, anti-natural e anti-filosófico do que isso. Não que os filósofos também não tenham tentado criar formas de busca, mas eles sempre foram claros em dizer, que suas idéias eram suas idéias, ou seja, “idéias humanas”, formuladas racionalmente, e não o contrário, reveladas por algo além deles mesmos. Que lógica existe em ficarmos aqui todo esse tempo, sofrendo por nada? Que lógica existe na vida? perguntam os religiosos das verdades reveladas.

Quando percebem o espanto e o medo dos homens, diante dessas simples questões existenciais, os “mais sábios golpistas da história”, também percebem que o homem teme a vida, o pensamento, e a busca pela verdade. Eles percebem que os homens, não suportam a busca eterna proposta pela filosofia, e assim, criam rituais que possam preencher tal vazio. Nem eles imaginavam que algo desse tão certo e fosse tão lucrativo. Eles criam as igrejas, os templos, enfim lugares de adoração. Esses lugares tomam as religiões para si, e ensinam o caminho para o homem preencher sua angústia. Esse caminho é fácil e limitante, mas isso é o que menos importa aos angustiados seres humanos. Esses antros, quando revelam uma verdade, acabam com a filosofia e também com a própria religião. Acabam com a busca pessoal que o ser deveria buscar no universo e limitam o mesmo diante da vida.

Não condeno Cristo por se auto condenar à morte. Foi à forma dele se religar, de buscar sua própria sintonia. Porém, essa “re-ligação” é particular, intransferível. Se cristãos querem se religar como Cristo diante do universo, não devem seguir os rituais propostos pelas igrejas e suas fórmulas mágicas, e sim buscar ter uma vida como a de Cristo. Foram os rituais cristãos e a palavra sagrada que enriqueceram as igrejas e fizeram bilhões de pessoas negligenciarem a própria vida. Não foi a vida de Cristo a responsável por isso. Cristo viveu intensamente, foi um revolucionário, um filósofo que pregava o amor, o desapego das coisas matérias, e a busca pela igualdade. Foi um precursor do comunismo, poderíamos dizer. O ápice da hipocrisia eclesiástica é a cobrança do dízimo. Se Cristo, aquele pobre miserável, pudesse ver o que as sagradas igrejas, fizeram e exploraram em seu nome...com certeza, ou já teria voltado e acabado com toda essa vergonha ou teria se suicidado. Jamais imaginou ele que suas sábias palavras seriam sinônimo de arrecadação e enriquecimento.

Mas o que venho propor aqui é mais difícil e complexo, que a própria angústia existencial. Proponho o inverso do que as religiões reveladoras pregam e pregaram em suas sangrentas histórias. Se um dia “sábios espertalhões”, puseram fim a religião e a filosofia. Proponho hoje que acabamos com o dogmatismo religioso. Proponho que voltamos ao sentido original da palavra religião, ou seja, que novamente façamos busca pelo nosso próprio “religar”. Proponho que levamos a falência as igrejas, e com o dinheiro do dízimo buscamos formas de acabar com a desigualdade.

Não devemos renunciar a vida, e sim, viver, contemplar, e tentar superar todos os obstáculos que ela mesma nos impõe, isso de maneira pessoal e intransferível, da mesma forma que fizeram Cristo, Sócrates e vários outros verdadeiros sábios.

Devemos em última instância voltar a sermos filósofos.

4 comentários:

Unknown disse...

cara...copiei uma frase desse teu texto maluco aí que esta no perfil do meu orkut......
Eu sou um que fico contemplando a cruel existência minha nesse mundo...As vezes me sinto tão só por isso, diferenciado, mas tb me sinto superior por poder entrar nessa crueldade, mas sair dela racionalmente por poder achar alguma solução....è isso que motiva a viver.... Acho que eu gosto de sofrer......Mas não sou uma pessoa sofrida.........

Alexsander de Vargas...o Ale. disse...

Não diria que vc gosta de sofrer meu caro amigo-filósofo. Diria que goste de viver não iludido, desamarrado.
Acho que vc em seu comentário resumiu tudo: "sente-se só, angustiado, e ao mesmo tempo, superior por usar a racionalidade para achar uma solução".
Isso é a vida.Portanto, o que posso te dizer...é que vc "realmente vive".Abraço e meus parabéns por ter lido até o final...hehe...:)

Rodrigo disse...

axo que poderia-se dizer:

"cristo foi o cara!"
criou a maior revolução mundial de todos os tempos e tem suas ideias refletidas fortemente até hoje... (talvez um pouco distoricidas)

mas com certeza, é essa angustia que nos mantem vivo... pois é da angustia e deste "sofrimento" que buscamos na maioria das vezes alguma mudança, para que fiquemos felizes por mais algumas horas nas nossas vidas, até cair na angustia novamente....
mas, é tudo um ciclo, não é??!!

Alexsander de Vargas...o Ale. disse...

Mas gurizada...vcs me deixam muito felizes assim, fico até "desangustiado", pois além de terem lido o texto até o final, entenderam o que tentei dizer...
Desse jeito eu perco minha angústia...hehe...mas é bem isso mesmo que vcs comentaram :)
Abração p vcs aí.