Conscientização geral, tomada de conhecimento do ser diante da própria realidade, só assim podemos pensar em tomar o poder e projetar uma sociedade mais justa. Lindo isso, porém impossível. A política representativa, as instituições de ensino, a religião, os valores morais, enfim, tudo a nossa volta, está dominado pela economia, pela mídia, pelos detentores do capital.
Nós? Nós, por mais idealistas, socialistas, comunistas e sonhadores que possamos ser, também estamos. Estamos perdidos. Não temos mais como sonhar. Estamos condenados a viver num sistema que nos impossibilita pensar em algo verdadeiramente político, que realmente envolva a sociedade, ou melhor, que leve a sociedade em direção a esse ideal. O que nos resta? Ou melhor, algo nos resta?
Quem sabe duas alternativas. A primeira e mais cômoda é o suicídio. Nos matamos e pronto. Paramos de pensar e sofrer no mundo e pelo mundo. Abstraímos nossos sentidos diante da realidade e descansamos eternamente. Porém, ela é sem nexo. Afinal, se “nós” que nos achamos possuidores dessa “racionalidade existencial” dizemos não a própria consciência e optamos pela morte, então não valeu a pena ter alcançado tal consciência. Seria melhor ter ficado na ilusão do capital, da religião, da mídia, seria melhor não ter pensado.
Nossa segunda alternativa é modesta, porém é alguma coisa. Reconheçamos que não temos mais como mudar este “mundo perdido”, e façamos a tentativa de mudar o pequeno mundo, o micro mundo no qual estamos envolvidos. É por sabermos que não temos chance de mudar o grande mundo, que devemos deixar esse mundo de lado e nos voltarmos para o pequeno mundo. Mas o que é esse pequeno mundo?
Esse pequeno mundo é nossa vida. Nossa real existência. Existência não mais voltada a utopia de um dia mudar o todo, e sim, voltada a reconhecer que dentro desse todo existe um micro mundo, no qual exercemos poder e que podemos mudar. Temos relações de poder em todas as nossas ações, sejam elas familiares, amorosas, ambientais, comerciais, entre outras. É ali e somente ali, que podemos realizar alguma coisa. Se a política representativa bate nossa porta, apenas de dois em dois anos, tomamos conhecimento disso, e façamos valer nosso poder da melhor forma possível neste período hipócrita eleitoral. Como? Você decide. Você tem esse poder. Sabemos que só baterão nossa porta de novo daqui a dois anos, basta a nós aceitarmos isso ou não. Angustiante? Claro que sim. Mas é.
O que não podemos fazer é achar que não exercemos poder algum porque existe um poder maior. Não podemos negligenciar nossas relações e culpar esse macro poder por tudo. Tomada essa consciência sobre esse pequeno mundo e exercida nossa parte, quem sabe um dia poderemos voltar a sonhar. Quem sabe.
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