segunda-feira, 21 de julho de 2008

Adolescentes sedentos...adultos fracassados...e a Dercy.


Com os hormônios a flor da pele, eles buscam afirmação; questionam os valores e querem viver intensamente; eles acreditam na liberdade.
É por essa tentativa de ao menos poder sonhar, que o adolescente é o mais feliz de todos os seres humanos. Eles sonham fazer, eles sonham mudar; enquanto os adultos, apenas reproduzem. Reproduzem um sistema montado pelo não viver, pelo medo do futuro e o consequente medo da morte.
São poucos os adolescentes que se mantém adolescentes, e os que se mantém, causam medo, pois muitos deles morrem jovens. A morte precoce desses admiradores da vida, dá legitimidade e possibilita aos adultos, mergulhados no medo, os incriminar e justificarem sua vergonhosa derrota diante do viver. Deve ser por isso que o adolescente se entrega e prefere se tornar um "adulto fracassado". O adolescente temendo a morte precoce - e estimulado em desistir por aquele que há tempo já está morto - se refugia no sistema e vê ali a possibilidade de viver mais. É diante da tragédia e do medo do futuro, que ele deixa de sonhar e se entrega para a moral, para a sociedade, para os valores pré-estabelecidos.
De filósofo crítico e sonhador, ele passa a ser um mero reprodutor de valores. É nessa entrega, que o adolescente se torna adulto. Se torna um adulto fracassado e medroso. Ele teme viver e se esconde da verdadeira vida.
O adolescente forte não tem medo. Adorador da vida, ele quer extremos, excessos, e é por isso que é um "problema". Ele, com suas "idéias malucas", com seu ímpeto de viver, atenta contra a vida dos fracassados e põe em risco o sistema.
A vida só vale a pena pelo fato de um dia termos ousado permancer adolescentes. De resto, ou estamos submissos aos familiares, ou estamos submissos a sociedade.
Os adolescentes não têm caminho; e a vida, na sua forma mais real e bruta, é sem caminho. Eles observam esse descaminho, essa falta de nexo na existência; e, ao contrário dos adultos, adoram isso. É por isso que admiro os adolescentes.
Lamentável e entristecedor, é ver, que a maioria deles venham a fracassar, que se entregam na luta e se tornam adultos. Adultos medrosos e derrotados.
O adulto é um adolescente fraco, salvo alguns, que raramente observamos por aí. Esses? Esses são os que ainda sonham; são os que ainda mantém em si a vontade de viver. Eles são chamados de loucos pelos adultos do sistema, porém sentem-se superiores aos que se entregaram.
Dercy Gonçalves, falecida no último sábado, é um exemplo claro de uma eterna adolescente; de alguém, que embora tenha tido a sua frente, todos obstáculos morais para "deixar de ser", não cansou de lutar, e tornou-se um exemplo de como devemos encarar a vida, ou seja, como uma verdadeira comédia. Ela deu risada da existência durante toda sua "adolescência" e mostrava-se realizada por isso.
Parabéns a Dercy e ótima semana a todos.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

O que você tem a ver com a corrupção?


Estava eu hoje, na correria do amanhecer, me arrumando para o sistema, quando escutei na TV, um questionamento interessante: "O que você tem a ver com a corrupção?"
Impressionado ao me deparar com tal indagação, algo difícil de acontecer na mídia, me questionei sobre. Logo me veio em mente, que, o que ele vem nos dizer, é o mesmo que vários pensadores , através dos tempos, tentaram em vão nos chamar a atenção. Essa tentativa de conscientização de justiça, é a mesma que Sócrates buscava quando dizia: "conhece-te a ti mesmo", ou seja, busque a sua justiça interior e leve-a ao outro . Para Sócrates, esse era o caminho que poderia tornar a sociedade justa. Cristo, busca o mesmo, quando filosoficamente questiona: "Como é que vedes um argueiro no olho de vosso irmão, se não vedes uma trave em seu próprio olho?". A eterna máxima da justiça: "não faça aos outros o que não querem que te façam", tem o mesmo sentido.
O interessante de tudo isso, é que embora concordamos com toda essa lógica, com toda essa racionalidade justa propagada por séculos, nunca conseguimos alcançar tal. Parece que nosso egoísmo, nossa paixão por nós mesmos, ultrapassa qualquer possibilidade racional. Não confiamos em nós, e consequentemente não podemos confiar no outro. Foi essa lógica cruel, de Thomas Hobbes que prevaleceu, e é por isso que a corrupção nunca acabará. Precisamos de castigo para fazermos uso da razão. A Lei Seca, vem nos provar isso com sua rigorosa punição.
A campanha educativa, é elogiável, porém, de antemão sabemos de seu fracasso. Somos egoístas por natureza e isso nos faz corruptos...infelizmente.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Para os que se acham burros...um consolo.


Pior estudante do mundo repete de ano pela 38ª vez na Índia
Em 1969, Shiv Charan prometeu que iria se casar quando se formasse, e segue solteiro.
Apesar de ter levado 'bomba' em quase tudo, ele conta que seu ponto fraco é a matemática.

Foto: Reprodução/Telegraph.co.uk
Reprodução/Telegraph.co.uk
Shiv Charan, 74 anos, odeia matemática. (Foto: Reprodução/Telegraph.co.uk)

Em 1969, o indiano Shiv "Pappu" Charan fez uma promessa para sua namorada: assim que ele conseguisse se formar em uma escola para adultos, eles iriam se casar. Na última semana, aos 74 anos, o solteirão pegou seu boletim e descobriu que, pela 38ª vez, havia levado 'bomba'.

Apelidado pelos colegas de "o pior aluno do mundo", Pappu tirou nota suficiente para ser aprovado apenas em uma das disciplinas do curso. O 3,4 (de um total de até 10 pontos) em hindi foi seu melhor desempenho nos últimos anos. Ele tirou 1,4 em inglês, 1,7 em ciências, 2,5 em sânscrito e 0,5 em matemática. "Matemática sempre me derruba", afirma.

Apesar de mais um ano sem diploma, o indiano não quer saber de desistir. "Enquanto eu viver, vou continuar fazendo as provas pois minha motivação é poder me casar", diz. "Não faz parte da minha natureza mudar minhas promessas. Vou estudar até passar de ano."

Nos últimos anos, Pappu virou uma espécie de "atração turística" em sua escola. Ele é o "mascote" de sua turma, formada na maioria por adolescentes de 15 anos. "Quando vou fazer uma prova, as pessoas vêm de vários lugares da Índia para me ver", conta.

Mas o indiano diz que trocaria a fama por uma esposa. E, de preferência, jovem. "Não vou casar com nenhuma mulher com mais de 30 anos".


Novo Hábitos...vêm por aí.


Pois é, o que eu temia, parece estar acontecendo. Em SP, desde a implantação da Lei Seca, o número de acidentes de trânsito caiu em 57%.
O Estado trabalha com números, e assim, definitivamente teremos que nos adaptar a lei. Tudo em favor da vida. Acho bonito isso, de certa forma, é a razão vencendo a paixão, vencendo o prazer.
A grande expectativa, é como as coisas serão a partir de agora. Com certeza, se a lei continuar em vigor, teremos de criar novos hábitos. Se isso ocorrer, algumas perguntas ficam no ar: como ficam os donos dos bares e das casas noturnas? Será que eles disponibilizarão transporte para os bêbabos chegarem até seus lares? Ou passaremos a nos divertir sóbrios?
E se esse serviço não for disponibilizado? E se não encontrarmos prazer na sobriedade? Buscaremos prazer com outras coisas?
A princípio, sou a favor da lei. É sabido que álcool e direção não combinam. Porém existe uma condição humana que está acima disso.
O ser humano, historicamente buscou prazer fora do próprio corpo. Ele é angustiado e não se contenta com a "existência sóbria". Sua "sobriedade semanal", essa angústia que o persegue é descontada, suspensa, de alguma forma, no final de semana. É no fim de semana, que ele busca fugir um pouco dessa existência de luta pela sobrevivência.
Muitas pessoas, no final de semana, se trancam em casa e buscam se entorpecer com o Faustão, com o Gugu, com o Futebol; outras saem de casa, sentam em suas calçadas e apreciam a sociedade, tomando chimarrão e buscando o que falar sobre aqueles que vêem passar; outras ainda, vão aos seus cultos orar por uma semana mais digna e menos sofrida. Elas se entorpecem de alguma forma, e isso acontece por toda parte. No entanto, existem aquelas pessoas, que não se satisfazem com o enclausaramento, com a fofoca ou com os cultos, e estes, são os principais atingidos pela Lei Seca. O prazer, a suspensão da angústia, para eles, é o álcool. E a lei, que embora não proíbe o álcool, proíbe a auto-locomoção do alcoolizado.
Já disse. Sou a favor da lei, mas também sou a favor, de que os mesmos que a criaram, deêm alternativas para que os principais atingidos por ela, possam ainda manter seus prazeres. Como? Isso não sei. Poderiam adotar coletivos públicos designados para o transporte, ou ofertar empréstimos aos donos de bares, obrigando os mesmos, a terem em seus estabeleciementos um "Trans Beudo".
Só sei que se alguma medida não for tomada, corremos o risco, de estar levando toda essa classe alcóolica sem locomoção, a ter de migrar para outras drogas, e isso também pode ser perigoso.
Alguma coisa vai acontecer, algo de novo vem por aí, e a nós basta esperar.
Confesso que estou ansioso para observar tais mudanças.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Lei Seca cria novos empregos

Como havia antecipado no texto "LEI SECA" de 30 de junho, já começam a aparecer novas profissões frutos da lei. Vejam essa:

Carrinho de mão é opção para motorista que consumiu álcool

Carregador cobra pelo menos R$ 1 para transportar pessoas na Paraíba.
'Passageiro' pode usar capacete, para evitar problemas em caso de queda.

Depois que a nova LEI SECA entrou em vigor, em junho, muitos donos de bares e restaurantes passaram a contratar motoristas para levar os clientes para casa. No litoral da Paraíba, o serviço é bem menos sofisticado, mas também funciona.

O carregador Alexandre Alves cobra R$ 1 para transportar passageiros em um carrinho de mão com almofadas e até capacete, para prevenir problemas em caso de queda. Mas, dependendo do peso, o preço pode aumentar. "Não é preconceito, não. O gordinho é mais pesado, custa R$ 2."

O carrinho tem uma placa com o nome do serviço ("trans bêbado") e o telefone do carregador.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

A Política e o Violino

Houve uma época em que os partidos políticos eram como times de futebol. Éramos apaixonados por eles. Nessa época, acreditávamos ainda em ideais. Se necessário, pegávamos em armas para os defender. Ainda sonhávamos e achávamos possível um mundo mais digno.
Não vivi nesse período, mas os relatos, me fazem sentir o quanto aquele povo sonhava e sofria.
Veio a democratização e com ela a liberdade. Liberdade para colocar o sonho em prática. No entanto, algo estranho aconteceu. Com a democracia, os sonhos morreram, as ideologias desapareceram e apenas um jogo pelo poder se iniciou. Alguns poderão me contrariar, dizendo que também os movimentos democráticos da época, eram apenas movimentos que almejavam o poder. Sim concordo. Porém, estes revolucionários tinham planos concretos para quando o assumissem, ao menos diziam ter. Afinal, se de uma lado existiam os capitalistas americanos, do outro existiam os comunistas soviéticos. Existiam alternativas.
O fim da ditadura militar no Brasil, "coincide" com o fim do sonho comunista mundial. A sociedade que antes pensava, lutava, e se orgulhava de suas idéias e de seus movimentos, foi tomada por uma apatia sem igual. O fim do comunismo com a queda do Muro de Berlim e da URSS, fizeram do mundo, um mundo globalizado. Com a globalização, não é mais suficiente conscientizar o povo a lutar por idéias, e sim seguir o mercado consumista mundial. Isso acabou com qualquer possibilidade de sonho. A globalização acabou com a autonomia nacional, com a identificação com a própria pátria, consequentemente, ela acabou com todas ideologias partidárias existentes.
O resultado disso é nosso desinteresse total pela política. Hoje não temos mais por o que lutar, não temos mais por o que sonhar. Os partidos políticos não têm mais interesse em recrutar militantes dispostos a defender idéias, e sim, têm interesse em chegar ao poder a qualquer custo e fazer dele um grande capital. Crescer, crescer, crescer. Crescer sem olhar onde pisa. Essa é a ideologia comum de todos os partidos políticos.
Enfim, podemos resumir a política e o poder com a seguinte frase: "o poder é como um violino, se agarra com a esquerda, porém se toca com a direita".

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Eleições 2008


Começou a luta pelo poder. Desculpe, quis dizer que começou a luta em querer a qualquer custo “ser o servo do povo”. Acho a política linda por isso. Investe-se uma grande quantia em dinheiro, para no fim receber apenas a satisfação, o sorriso da população em troca. Não me venham com aquela história que os políticos querem o poder para usufruir dele economicamente. Isso é papo de político frustrado, papo de quem não é querido o bastante pelo povo, e que não têm condições, nem idéias para representá-lo. Quem se envolve com a política atualmente, é um herói, um apaixonado pelo povo. Os políticos de hoje, para se ter uma idéia, gastam muito mais do que ganharão legalmente em 4 anos de mandato. Isso é um martírio, é um sacrifício sem tamanho, com o louvável objetivo de fazer o povo sorrir. Pensem comigo: doa-se além de 4 anos de trabalho, o próprio patrimônio, tudo para levar o bem à população. Não é lindo?

O grande problema das eleições é que temos que escolher um entre tantos ótimos candidatos. Não creio que exista um candidato mau caráter, com intenções maléficas. Assim fica difícil escolher.

Alguns anarquistas por aí, falarão que as coligações existentes traem as ideologias e as histórias partidárias; as coligações mostrariam que nenhum dos candidatos presta e que votar nulo é a solução. Isso é mentira. As coligações, por mais que sejam contraditórias, mostram ainda mais a união e a vontade incondicional em acabar com os problemas existentes na sociedade. As contradições são pequenas convenções, perto da enorme vontade que nossos políticos têm de transformar.

Eu sinceramente, não sei o que fazer. Olho para ambos os lados e vejo somente boas intenções. Acho que vou anular meu voto. Não porque ache que eles estão me mentindo, e sim para não cometer uma injustiça. É muito injusto ter de escolher entre tantas boas intenções.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Salário Mínimo do Professor

Observo várias críticas a política assistencialista de Lula. Alguns dizem que ela é um incetivo a vagabundagem, porém não concordo. A política assistencialista é um calmante para aqueles que no seu dia a dia têm mais vontade de morrer do que viver.
Concordo que a medida não soluciona o problema em si. Os problemas estão nas bases que fazem o ser humano se sentir humano, ou seja, na família mal estruturada, na religião alienadora, na exploração capitalista que faz o trabalhador não ter indetificação alguma com aquilo que faz.
Essa formação alienadora, acrítica, deveria ao menos ser refletida na escola. Porém, também ela está falida e alienada. É impossível querermos que nossos alunos sejam críticos do sistema, da religião, e do trabalho escravo, se os próprios professores são escravos e acríticos. A diferença entre aquilo que o plano político pedagógico das escolas planejam, com aquilo que realmente fazem, é gritante. No entanto é compreensível.
Vivemos uma banalização na educação. Observamos a cada dia abrirem novas faculdades - principalmente a distância - que dizem levar a educação a todos, quando na verdade levam apenas diplomas. A educação virou sinônimo de comércio e caiu nas graças, ou melhor, na desgraça do sistema capitalista. O problema não está na falta de diplomas e sim na falta de educação básica associada a falta de formação de nossos professores.
Sei que isso não se modifica de uma hora para outra. Cristovam Buarque dizia que, para mudarmos e transformarmos a educação no Brasil, levaríamos no mínimo 20 anos.
O primeiro passo para isso, seria a valorização do professor. E parece que o primeiro passo foi dado. O senado, aprovou ontem, o salário mínimo do professor. O projeto, de autoria do próprio Cristovam Buarque, estabelece que nenhum professor poderá receber menos de R$ 950,00. Mais do dobro dos R$ 420,00 recebidos até então.
Solução? Como disse, é o primeiro passo. Mas é inegável que isso dá outro ânimo aos pobres professores. Ânimo para ensinar e quem sabe também para adquirir uma nova postura diante do mundo e da realidade. Quem sabe as coisas comecem a mudar. Quem sabe.