Pretendo me deter nessa última questão, pois afinal, por mais que os filósofos sejam aqueles seres inquietos que buscam o conhecimento; que buscam a verdade através da racionalidade - racionalidade que vai contra as paixões e a sensibilidade -, é inegável que eles possuem sentimentos, angústias e aflições.
Mas então, porque os filósofos sofrem tanto para se relacionar? E afinal, os filósofos são capazes de amar? Amar além do amor ao conhecimento, que já está intrínseco na própria filosofia?
Me atribuindo a condição de filósofo e não de acadêmico de filosofia (nem todo acadêmico de filosofia é filósofo), afirmo que: os filósofos como qualquer outro ser, buscam o amor constantemente, sendo que, o que os diferencia dos demais, não é o fato de não serem aptos ao amor e sim o fato de não se contentarem com o amor que existe por aí.
Da mesma forma que não se contentam com o que observam na política e na religião, a maioria dos filósofos ao se relacionarem, buscam a perfeição, racionalizam as relações, agem eticamente, e cobram isso de seu suposto amor.
O grande problema dos filósofos, está exatamente nesta tentaiva de racionalizar a paixão. A paixão se racionalizada deixa de ser paixão. Ela perde seu caráter misterioso e que mantém os casais atraídos um pelo outro, em busca da conquista, e os coloca dentro de uma racionalidade que podemos chamar de monotonia.
Desta forma, os filósofos estão sempre numa sinuca de bico. Eles querem amar, mas não entedem a paixão; quando entendem a paixão não a suportam; e quando a suportam é porque acabaram com a paixão, racionalizado-a.
Assim, para um filósofo se dar bem no amor, precisa jogar. E jogar significa entender a paixão e suportá-la sem agir, sem colocar para fora o pensamento, a razão. Razão que move a filosofia e que deixa os filósofos perdidos no jogo do amor.
Portanto, não é verdade que os filósofos não amam, e sim, que eles ainda não conseguiram através da razão, entender o jogo do amor.