terça-feira, 25 de agosto de 2009

Minha paixão.

Preciso contar a vocês, descobri a origem das minhas paixões. Passei minha vida buscando saber o porque me apaixonava de uma hora pra outra, meio sem querer, do nada assim. A maioria dos homens é apaixonado por bundas, seios, pernas, coxas. Como disse, a maioria. Tenho um amigo, que não faz parte da maioria, que é apaixonado por pés. Certo dia depois de um encontro, apareceu ele feliz da vida. Jurava estar apaixonado. Dizia ter conhecido a mulher dos seus sonhos. Morena, alta, lábios carnudos, pernas fortes, torneadas e bem definidas com os glúteos as acompanhando na mesma proporção. Porém, embora a euforia, dizia-se apreensivo, afinal não conhecia ainda seus pés. Uma semana depois voltou decepcionado. Disse ter terminado tudo por uma joanete encontrada no minguinho esquerdo. Sim, acreditem. Todo aquele monumento e aquela paixão foi destruída por uma joanete. No caso, minha paixão não está depositada nos pés, mas nos olhos.

Sou apaixonado por olhos, mas não por olhos qualquer. Meus olhos, ou melhor, os olhos pelos quais me apaixono devem ser claros e envolventes. Nada contra os olhos escuros, é questão de gosto como dizem. Além do mais, fiz uma revisão histórica da minha existência passional e concluí que nunca tive uma paixão castanha. Cabelos castanhos sim, olhos não. Como disse, não bastam serem claros devem ser envolventes.

Por envolventes considero aquele olhar penetrante, que diz sem dizer que algo ali deve ser desvendado. O olhar envolvente por mais que seja de alguém de olhos claros, deve ser obscuro. Deve ter algo ali que não está ali. É um olhar misterioso, naturalmente sexy.

Concluí tudo isso semana passada, quando estava numa sala de espera, em um consultório. Lá estavam todas atendetes de máscaras, por causa da Gripe A. Algumas eram bundudas, outras aparentavam carregar uma tábua na parte posterior; algumas era peitudas, outras eram como uma tábua, agora anteriormente falando; algumas tinham suas unhas bem feitas, outras pareciam jamais ter conhecido uma manicure. Porém, tais detalhes eram insignificantes. Eu não conseguia deixar de olhar para os olhos daquelas mulheres. Eram os olhos que chamavam a atenção, e era a máscara que fazia eu perceber isso mais claramente. Aquela máscara que me amedrontava com o anúncio da tão temida gripe A, era a mesma que fazia eu descobrir a origem das minhas paixões. O melhor de tudo é que lá existia uma bela mulher. Uma bela mulher com olhos claros e envolventes. Aqueles olhos verdes, cor de abacate e misteriosos. Havia literalmente, me apaixonado à primeira vista. Ainda não havia a visto de corpo inteiro, mas aqueles olhos não podiam mentir.

Ela continuava a me olhar, era um olhar para mim e outro para seu ofício. De repente levantou, e como num concurso de beleza, desfilou para mim. Claro que não era para mim, mas seus olhos diziam que era. Seu corpo também era perfeito. Bunda, pernas, seios, tudo simétrico. Eu naquele momento era puro exstasy. Faltava apenas conhecer sua boca, seu sorriso. De repente ela ameaçou levantar a máscara. Eu com meus olhos tentava dizer: "isso isso, deixe eu vê-la por inteiro meu amor". Estava ciente que nada iria nos separar. Toda aquela belezura, toda minha paixão ali depositada. Deus não seria injusto comigo. Sua boca não iria me decepcionar. E realmente não me decepcionou. Ao levantar a máscara me lembrou Jolie, sim a Angeline. Seus lábios eram carnudos, cor vermelho sangue. Ela era perfeita. Ela, com seus olhos vidrados em mim, com aquela boca perfeita...por fim sorriu. Era o que faltava...sim faltavam-lhe os dois dentes da frente. Quando vi, desmaiei.

Acordei no hospital...com aquele sorriso banguela chamando de meu amor. Parecia um pesadelo. Noutro dia a levei ao dentista, que orçou o implante dos dentes em dois mil reais. Ela fez os implantes, e me fez concluir que dois implantes custam dois mil reais, mas que aqueles olhos...bem...esses não têm preço.

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