Ó maravilhosa era a razão grega. Que sonho os primeiros filósofos tinham, quando sonharam com a pólis perfeita. No meio daquele mundo injusto que viviam, pregar o pensamento moral era a perfeita solução.
O princípio da racionalidade é paradoxal. “É deixar de existir para existir”. É pensar no outro para sobreviver, é pensar na ética-moral antes da vontade pessoal.
Todos valores morais na razão estão impregnados, toda compaixão, respeito, bondade, altruísmo, toda essa moral está na razão. A racionalidade tem um resquício comunista, embora tenha sido inventada por amor a própria vida, um amor pela vida, por força da brutalidade instintiva da natureza. Matamos os instintos por força da sobrevivência.
"Existir para alguém” e não “existir por simplesmente existir”, esse é o princípio da racionalidade. Desde o nascimento somos os únicos animais que “existimos para”. Nunca somos nós mesmos, e nunca seremos. Viver por viver, isso apenas existe, até ouvirmos, mesmo que inconscientes: “Esse é meu filho”. É neste ato egoísta dos pais perante seus filhos que deixamos de ser. Ali passamos a pertencer. A razão, a moral, nos é imposta no nosso primeiro choro: ”Não chora meu filho” diz a mãe. É neste momento que a natureza é decepada, é nesse “amor dos pais com seus filhos” que se dá o primeiro choque racional na vida.
Os animais não possuem, eles são. E deve ser por isso que, nós humanos, passamos a vida inteira querendo possuir. Quem sabe seja esse, o segredo de tanto egocentrismo. Somos possuídos e queremos deixar de ser posse. A liberdade, é a própria posse, quem sabe porque vemos na posse o libertar para nosso primeiro trauma: o pertencer.
Somos inúteis, não sobreviventes sozinhos. Precisamos do outro, e nossa razão nos fez chegar a um entendimento. Diga-se a um triste entendimento , em que para deixarmos de pertencer tenhamos que possuir. Paradoxo não?
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