Fui para casa. No caminho ainda era Clara que ocupava o meu pensamento. Embora suas aulas terem sido um fracasso, eu tinha de reconhecer o seu esforço. Tudo bem, Clara não tinha o “dom” do ensino, mas por algum motivo havia optado por ser educadora. Ela deveria ser útil em algo.
Ao chegar em casa, tomei um café, comi um pão com manteiga e deitei. O sono não vinha. Se fosse um dia normal diria que era a insônia, ou ainda culparia o café pela dificuldade de hibernar. Porém sabia que era por Clara que eu não adormecia. Ela não saia da minha cabeça. Pensei que quem sabe um “descarrego”, uma homenagem a Clara me fizesse bem naquele momento. Decidi me masturbar.
Num leve exercício platônico, me elevei até o mundo das ideias, e idealizei Clara com seus 18 anos. Apesar de Clara ter se especializado em metodologia, imaginei ela sem rumo, louca por sexo, drogas e rock n’ roll. Imaginei-a de mini-saia, percorrendo as ruas de Buenos Aires, com aquele ar liberto, cheio de vida. Clara não deve ter ido ao Woodstock, mas com certeza viveu a memorável década de 60 e 70, escutando Beatles, Rolling Stones, Janis Joplin e The Doors. Deve ter feito uso de ácidos, e provavelmente foi o fracasso do “movimento paz e amor” que a havia feito tomar a decisão pela metodologia. Tudo isso, associado às loucuras daquele tempo, que só pude ver em filmes, me levou ao gozo em breves 3 minutos.
Porém, existia algo que ainda me intrigava, e diga-se, me intrigava muito. Eu não tinha a mínima ideia de como eram os gemidos de Clara. Seriam eles dotados daquele sotaque portenho? Ou os gemidos seriam universais? Iguais em qualquer parte do mundo? Era uma tarefa filosófica descobrir isso, e eu estava disposto a desvendar. Não sei que horas dormi aquela noite. Não sonhei com Clara, mas confesso que noutro dia acordei leve.
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