quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Afinal, quem trai?

Quem trai? Quem oculta um desejo "demonstrando" fidelidade, ou quem sacia o desejo sem nada esconder?

Não é de hoje que penso sobre a monogamia, a fidelidade e a traição. Teoricamente, e aqui é bom frisar "teoricamente", sempre afirmei que amar é querer o bem do próximo. Assim, não é difícil de entender, embora seja dificílimo de aceitar, que a pessoa que juramos amar, seja feliz também com outra pessoa que não a nossa. Em outras palavras quero dizer que traição na verdade não se configura quando exercitamos nossa vontade, mas sim quando ocultamos nossa vontade. É na ocultação da vontade que se origina a mentira, a omissão e a infidelidade. Amar é saber que a pessoa que amamos está sendo feliz onde quer que ela esteja. É não ter ciúmes, é entender e respeitar o desejo e a individualidade do próximo.

Claro que é complicado para nós, cristãos caucasianos ocidentais, aceitar uma coisa dessas, mas é isso mesmo. Minha pergunta inicial pretende nos fazer refletir sobre isso. Quem trai afinal? Traí aquele que sacia o desejo, mas que sinceramente conta ao seu amor da sua experiência extra conjugal? Ou trai aquele que deseja, mas que porém nega tal desejo ao ponto de negligenciar a si mesmo suas vontades? Não estaria este traindo além do próximo, também a si mesmo? Ou por fim, trai aquele que consuma um ato físico ou trai aquele que mente sentir algo por alguém que nada mais sente?

Tudo isso me veio em mente essa semana quando indagado por uma bela moça sobre como seria minha relação conjugal perfeita, respondi que ela seria com liberdade, responsabilidade, sinceridade e amor. Liberdade para cada um fazer o que bem entender, respeito e sinceridade em poder tudo revelar sem que aquele pecado moralista cristão batesse em nossa sensibilidade, e amor em saber que embora feliz muitas vezes comigo ela ainda mantém vivo aquilo que me fez aproximar dela, ou seja, sua particularidade, seus desejos e suas vontades.

Já disse e repito, é difícil de entender, de compreender, de sentir esse estranho amor. A monogamia está em nossas raízes mais profundas. Mas já é possível ver hoje casais vivendo dessa maneira. Se felizes ou não, isso é outra história, mas com certeza tais casais vivem uma relação mais sincera que a maioria dos infelizes e ilusórios casais monogâmicos.

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