quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O Homem Selvagem de Rousseau.

Ontem voltei a ler um livro que havia começado há um tempo atrás. Tenho um grande defeito com a leitura: começar e não terminar. Leio geralmente umas cinquentas páginas e largo de mão. Já pensei que posso sofrer de deslexia o também que sofra de preguiça aguda, mas sem muito estress vou levando a vidinha desse jeito. A questão é que voltei a ler Jean Jacques Rousseau, e seu livro sobre a origem da desigualdade entre os homens.

Ele, que inicia seu livro dizendo que as verdades não estão contidas nos livros e sim na natureza, o que me fez ter um orgasmo literal, tenta mostrar, e de certa forma mostra muito bem, que o homem, ao contrário do inglês Thomas Hobbes, não é nem bom nem mau naturalmente. Ele simplesmente é.

E simplesmente sendo, e tendo naturalmente tudo que a mãe natureza lhe forneceu para sobreviver, não necessita atacar o próximo ou temê-lo como dizia o inglês. do Leviatã. O estado de natureza, ou seja, o homem em seu estado mais animal, é um estado de paz e não de guerra.

Como os animais, os homens em seu estado natural não possuem famílias. Eles se desvenciliam da fêmea logo que não necessitam mais de seus cuidados e partem para suas vidas solitárias. Assim, pouco tempo depois nem reconhecem mais seus familiares, fazendo com que o sentimento de amor familiar não seja reconhecido no estado de natureza. O que naturalmente temos é piedade. Piedade diante das dificuldades do próximo, o que faz com que reine a felicidade mútua entre todos aqueles que se debatem nesse mundo verdadeiramnete animal. Pergunta ele: "desejar que alguém não sofra que outra coisa é senão desejar que seja feliz?"

Rousseau, afirma que o erro de Hobbes foi considerar as necessidade de satisfazer as paixões uma questão natural, quando na verdade essa é uma questão social. Segundo ele: "Hobbes não viu que a mesma causa que impede os selvagens de usar a razão, também os impede de abusar de suas faculdades. Os selvagens assim, não tem como serem maus, pois não sabem o que é ser bons".

O francês continua argumentando e afirmando, que não é o desenvolvimento da razão nem o freio da lei que impedem o homem de fazer o mal, mas sim, a calma das paixões e a ignorância dos vícios que o levam a isso. Assim, é a razão, a reflexão, a sociedade e as leis, as causas dos males. Diz Rousseau: "O homem selvagem por falta de sabedoria e razão, entrega-se irrefletidamente ao primeiro sentimento de humanidade. É a piedade que fará com que um selvagem robusto não tire de uma criança fraca ou de um velho inválido seu alimento".

Sinceramente não sou fã da leitura, tenho dificuldade em me entregar. Prefiro pensar e escrever do que ler. Não sei se terminarei de ler Rousseau, mas confesso que a forma como ele fala é apaixonante, bela, fantástica. "O homem que não fala não tem ideias" diz ele, e pelo que parece dizer, ter ideias foi a pior ideia que o homem já teve. Continuarei a leitura, eu espero, mas confesso que minhas ideias sobre a natureza do homem estão sendo abaladas.

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