Primeiro foram os joelhos. Sim os joelhos. Jamais eles apostariam que seus membros articulares inferiores, até o momento tido como insensíveis, pudessem dizer tanto. E os joelhos diziam. Eles se encostavam, roçavam um ao outro. A freqüência, às vezes rítmica, às vezes descompassada, fazia apenas aumentar aquela sensação, que embora indefinível na sua totalidade, os faziam crer naquilo que não acreditavam. Progressivamente os joelhos deram lugar as mãos. As mãos, sabiam eles, eram muito mais sensíveis que os joelhos. Eles já haviam outrora se dado as mãos, já haviam apertado umas as outras. Sabiam da energia que as mãos possuíam. Mas jamais haviam se dado as mãos após sentirem os joelhos. Ficaram longos minutos ali sentindo os joelhos, as mãos, os dedos. Sentiam-se literalmente envolvidos numa orgia “tatal”.
Abrindo seus os olhos, mas sem largar as mãos e sem afastar os joelhos, voltou-se a ela. Ela já voltada a ele, parecia estar em sono profundo encoberta por um sonho bom. Admirou-a por alguns segundos e a contemplando, sorriu. Seu sorriso apaixonado foi surpreendentemente retribuído. Ela não dormia, ela o esperava.
Envolvidos e confusos por olhos, sorrisos, mãos e joelhos, e temperados pela lua que lá de fora os iluminava, vagarosamente se aproximaram. Deixaram suas bocas se levarem. Quando se preparavam para saborear aquele que seria o mais delicioso dos beijos, o inesperado acontece. Como uma maldição vinda dos “deuses desamorosos” o bendito trem parou. Haviam chego à maldita parada. Joelhos, mãos, sorrisos, olhos e bocas foram jogados ao léu. Nunca uma parada foi tão odiada.
Ali desceram, e friamente, de longe se despediram. Juntos a distância, sonharam noutro dia se encontrar...na mesma parada, no mesmo banco, com joelhos, mãos, olhos, sorrisos, bocas...e quem sabe o tão esperado beijo.
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