Adoro problemas existenciais. Mais precisamente, adoro todos os problemas que envolvam situações complicadas e que nos obrigue a escolher, ou ao menos a pensar em escolher, sobre aquilo que não gostaríamos nem de pensar em escolher.
Tenho um amigo, com um leve distúrbio sexual, que adora atormentar seus próximos com perguntas do tipo: “E aí, quanto vale seu rabinho?”, ou ainda “por quanto você me cederia sua mulher?”. A resposta geralmente rechaçada já no início pelo indagado, ganha forma quando o valor da proposta aumenta, e faz com que a resposta seja desviada para “isso nunca vai acontecer”, quando os valores chegam na casa dos milhões. Eu entendo a fuga. A moral para muitos, não permite nem pensar em certas coisas.
Eu por outro lado, gosto de desafiar a moral. Pelo menos no mundo do pensamento. Dias atrás formulei um probleminha desses quando durante um jogo de futebol, foi noticiada a morte de um torcedor. em pleno estádio. Jogos de futebol como dizia o ex-goleiro, escritor, e existencialista Albert Camus, nos ensinam muito mais sobre ética e moral do que qualquer teoria.
Assim, a pergunta que fiz a alguns torcedores foi: “Você toparia que morresse um desconhecido torcedor por jogo, para que seu time se tornasse imbatível, invencível e Campeão de Tudo?
A reação é no mínimo interessante. Alguns mais ousados disseram de cara que sim. Outros fizeram algumas questões complementares e não responderam. Por fim, teve ainda aqueles que mal ouviram a pergunta e fugiram em busca do silêncio. Seus ouvidos haviam sido feridos por aquela pergunta diabólica e era melhor nem ouvir para não pensar.
Eu estou incluso naqueles que pensaram um pouco e disseram de cara que toparia. Justifiquei dizendo que a morte é inevitável, que ninguém saberia da minha escolha e que no fim comemoraria a supremacia do meu time.
Desde já peço que não me chamem de assassino, e já respondendo a pergunta de vocês, digo que é lógico que se soubesse que alguma das pessoas mortas era um familiar ou um amigo meu, que não aceitaria a proposta.
Falo de tudo isso, para no fim deixar uma perguntinha a todos os colorados e gremistas distribuídos pelo mundão afora.
Como sabemos, o Colorado Campeão de Tudo, jamais jogou a Segunda Divisão. Ele jamais pisou num gramado para disputar uma vaga na elite. O Colorado sempre foi da elite. E isso, inevitavelmente, é tido como orgulho para todos os vermelhinhos presentes no Planeta Terra. Porém, se o Campeonato Brasileiro terminasse hoje, o Inter, do fabuloso Fossati, estaria rebaixado. O Inter estaria com os dois pés na merda se o Brasileiro se encerrasse hoje.
Com base nisso, a pergunta a ser feita a todos os colorados e estendida aos gremistas inversamente é: torcedor colorado, você trocaria ser rebaixado para comemorar novamente o Título Mundial? E você torcedor gremista, toparia ver seu eterno rival Bi Campeão do Mundo para vê-lo jogar em gramados onde ele jamais jogou?
Eu já tenho minha resposta, e vocês, poderiam me responder?