quarta-feira, 12 de maio de 2010

A Convocação

Dunga não convocou Ronaldinho. Muito menos Ganso e Neymar. Eu queria o Ronaldinho, mas sabia de sua não convocação. Só quem não conhece o Dunga ousou acreditar no contrário. Dunga nunca foi de surpresas. Como jogador, a única coisa surpreendente que fez foi marcar o gol que livrou o Inter do rebaixamento em 1999. No mais Dunga sempre foi comum. Comum e aguerrido. Não que isso seja ruim. Ser comum e aguerrido é essencial. Principalmente para um volante.


Como técnico Dunga também foi básico, comum, aguerrido. Dunga não inventou. Foi simples e racional. Testou jogadores, deu preferência ao grupo em detrimento da técnica, e convocou aqueles, que segundo ele, podem formar a “Família Dunga”. O gaúcho de Ijuí convocou os que, como ele mesmo diz, se comprometerão com a sua causa.


Vi trechos de uma das entrevistas de Dunga. Conclui: o cara é filósofo. Filósofo pós-moderno. Fala em razão, paixão. Tenta reunir aquilo que um dia foi supostamente separado e dado como oposição. Diz que para decidir sobre os convocados usou as estatísticas e levou o grupo de vencedores. Que conhecia claro. Ele é matemático, racional, e empírico óbvio. Se Dunga tivesse vivido no começo da era moderna, provavelmente teria solucionado o impasse entre racionais e empiristas.


Dunga não convocou os melhores jogadores, longe disso. Dunga convocou sim, os jogadores que melhor se adaptam ao seu sistema e ao seu ideal de time. Dunga convocou racionalmente, os mais apaixonados. Parece contraditório, mas não é. Dunga é coerente, ético, convicto. Vai ganhar ou perder a Copa sozinho. Dunga inevitavelmente entrará para a história. Novamente é bom dizer. E novamente como vilão ou como heroi.

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