segunda-feira, 14 de junho de 2010

Uma Carta para Celso Roth

Caro Celso Roth. Primeiramente tenho de lhe dizer que não acredito em Deus, mas se fosse cristão, diria que Deus te deu uma chance. Acredito inclusive, que deve ter sido a crença NELE que fez com que Píffero e Carvalho lhe dessem essa oportunidade. E que oportunidade hein?


Eu sei, ninguém esperava por isso. Nem você e muito menos nós. A diferença entre nós, assim, é que se por um lado você está eufórico com a oportunidade, nós estamos em choque.


Sei o que deve estar pensando, e antes que você diga, eu lhe digo: o futebol é injusto, feito de detalhes. Digo isso, porque se acaso você Roth, tivesse ganho aquele brasileiro de 1997 - que eu lembro, começamos a perder com um erro de arbitragem ainda lá no primeiro jogo no Palestra Itália - tudo seria diferente. Diferente mesmo. Provavelmente, se por ventura, tivesse nos dado o Tetracampeonato Brasileiro em 1997, ao invés de estarmos de cabelo em pé com sua chegada, estaríamos lhe recebendo de braços abertos no aeroporto.


Porém não foi assim. O destino - ou Deus se você acredita nele - quis que as coisas fossem diferentes. E também o destino – ou a diretoria colorada, que pelo jeito acredita em Deus – quis que você voltasse para se redimir com o passado. Ela quis, para nosso espanto, lhe dar uma nova chance.


Como torcedor colorado, não queria, obviamente, que você viesse a comandar o meu colorado, mas entendo a sua contratação. Fernando carvalho quer fazer história: quer ser o ressuscitador de técnicos. Já ressuscitou Abel Braga e agora chegou a sua vez. Chegou a vez de você Celso, enterrar seu passado e reconstruir sua história.


E lhe digo mais: nunca foi tão fácil. São apenas quatro jogos. Quatro jogos para ganhar a América e seis para ganhar o Mundo. Sim acredite, o Mundo. Precisa apenas vencer quatro partidas para se redimir conosco, e seis para colocar seu nome no rol dos grandes técnicos do mundo.


Agora Roth, que já te expliquei o que você precisa fazer para estabelecer a paz entre nós, me permito a lhe dar uma dica. Apenas uma preciosa dica para que obtenhamos sucesso. Anota aí: seu trabalho deve ser apenas o de unir.


Unir, contagiar e motivar os jogadores. Fale, chore, desabafe. Conte sua vida repleta de desgraças para eles. Se emocione e os emocione. Questões técnicas e táticas? Esqueça disso. Você jamais conseguirá entendê-las. Seu dever é emocionar e não raciocinar. Para escalar a equipe faça uma enquete virtual, promova a participação do sócio torcedor e ouça os gritos das arquibancadas. Peça ajuda ao Fernando Carvalho se quiser. Faça qualquer coisa enfim, mas não meta sua mão no time. Você deve apenas unir o grupo. Está aí o caminho para sua redenção.


Faça isso e tudo vai dar certo, eu garanto.


Abraço e boa sorte.

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