sexta-feira, 20 de agosto de 2010

"Celso Roth somos todos nós" por Juremir Machado da Silva

Foi a vitória de Celso. O triunfo de Roth. Houve um tempo, confesso, em que eu não gostava dele. Achava-o retranqueiro. Mudei. Ele também mudou. Estou feliz por ter vencido meus preconceitos antes da conquista deste bi da Libertadores da América. Quando Celso foi contratado para esta reta final, eu declarei meu total apoio a ele. No programa "Bom-Dia", da Rádio Guaíba, Rogério Mendelski e eu o acolhemos com entusiasmo. Descobrimos um cara do bem, dedicado à família, orgulhoso da filha estudante de filosofia e do filho que trabalha no Tecnopuc. Eu admiro os perseverantes, aqueles que dão a volta por cima, que navegam contra as marés e modas e vencem depois de declarados mortos e enterrados. Celso é um sobrevivente. Passou do clube dos perdedores para o dos vencedores.

Flaubert, um dos maiores escritores de todos os tempos, disse de sua mais famosa personagem: "Madame Bovary sou eu". Quando compreendi, enfim, Celso Roth, passei a me identificar com ele. Atrevo-me a dizer: Celso Roth sou eu. Somos todos Celso Roth. Todos nós que batalhamos, sonhamos, acreditamos, temos talento e, volta e meia, enfrentamos a descrença e o desprezo. Celso conquistou a América. Vai conquistar o mundo. Somos todos Celso Roth. Todos nós que não desistimos, criamos, sorrimos e, nos momentos difíceis, explodimos, brigamos, esperneamos e aceitamos nos tornar motivo de chacota. Celso Roth somos nós, acusados de ressentimento, de grossura, de ruindade e de falta de sofisticação. Nós que amamos a vida, as diferenças, os outros e jamais cultuamos a amargura. Celso é um generoso que precisa, volta e meia, vestir uma armadura para resistir a tudo.

Celso, como diriam os franceses, é um revenant. Voltou do fundo do poço para subir ao cume, saiu da condição de azarado para a de homem que fez tudo certo. Conheceu os subterrâneos. Agora, respira o ar das montanhas. Escalou bem, trocou no momento preciso, ousou e venceu. Nada mais maravilhoso do que ver o Internacional ganhar com gols de um corajoso e baleado Rafael Sóbis, outro do inimaginável e humilde Leandro Damião e, por fim, um golaço do batalhador e quase sempre brilhante Giuliano. Já fomos todos Gabiru. Hoje somos Damião, Giuliano e, principalmente, Roth. Enviarei a Celso minha "Trilogia de Palomas" como um símbolo, a marca de alguém que aprendeu a admirá-lo ao perceber que se tratava de um conquistador. Celso será novamente criticado. Enfrentará poderosos inimigos. Tentarão desqualificá-lo. É destino de todos nós, os Celso Roth.

Nada, porém, poderá desfazer sua imensa conquista, fruto do seu talento incomensurável. Celso é um maldito como Charles Baudelaire, Jean-Arthur Rimbaud, Michel Houellebecq e eu. Será amado e odiado. Jamais será esquecido. Somos todos Celso Roth, nós os conquistadores pelo trabalho árduo, nós, os excluídos da cultura fashion, aqueles que, para usar a expressão do professor Aníbal Damasceno, sofrem de "feiura de pajé". Celso, agora, brilha por nós no panteão da superação. Que sirvam suas façanhas de modelo a todos que apostam sempre na própria arte, contra tudo e contra todos. Obrigado, Celso.


Juremir Machado da Silva
Alinhar à direita

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