segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O desejo, o apego e o desapego.

Estou em fase de desapego. Isso mesmo desapego. O desapego funciona mais ou menos assim: Primeiro você deseja algo e vai em busca da realização. Daí, depois de realizar o desejo e se a experiência for satisfatória, legal, apaixonante, você se apega aquilo que num primeiro momento apenas desejava. Até aí tudo bem, afinal é interessante estar apaixonado, olhar no espelho e ver seus olhos brilharem ao mesmo tempo que enxerga sua cara de bobo por de trás dos olhos apaixonados. O grande problema assim não está no desejo, e sim, no apego. Afinal necessitamos desejar algo para viver. Uma vida sem desejo é uma vida sem sentido e é aí que as coisas começam a complicar, pois o tempo passa e leva junto nosso objeto de desejo. Nada é para sempre, e dentro disso, para não sofrermos demasiadamente com a perda, é necessário nos desapegarmos. Assim as coisas funcionam mais ou menos desse jeito: do desejo nasce o apego que inevitavelmente nos faz uma hora ou outra perder aquilo que gostamos de ter, nos levando assim ao inevitável sofrimento.
Não existe nada eterno, a não ser a história e a matéria. A história é o que fica depois que tudo passa; e a matéria é aquilo que se transforma e que se mantém, mesmo sem vida alguma. Em ambos os casos, o sofrimento pela perda se dá através da memória, da lembrança. Só sofremos porque lembramos, ou seja, quanto mais memória, mais apego ao passado e mais sofrimento no presente. Existem pessoas que são peritas em se desapegar. E considero elas geniais por isso. Morreu morreu, acabou acabou. É assim que encaram a existência é é realmente assim que devemos encara-la. Conseguir viver o presente, esquecer o passado e construir o futuro naturalmente é uma das tarefas mais árduas para o ser humano.
Enfim, estou nessa fase de desapego. Preciso me desapegar de um apego que veio do meu desejo de um dia ser feliz, sendo que agora sofro em ter de me desapegar. Incrível né? Para ser feliz não posso recordar que fui feliz, assim por mais contraditório que possa parecer, meu maior desejo é não lembrar que eu desejo. Eta vidinha.

Um comentário:

Cmg. disse...

Bingo!
Ótimo!
Supimpa!
(Ôpa! esse adjetivo ficou um pouco maior. Emfim...)