Não vou criticar a Copa. Adoro Copa do Mundo. Quando o assunto é Copa me torno um alienado. Por completo. Acompanho todos os jogos, o desenvolvimento das tabelas, além de fazer a matemática da classificação. Grupo por grupo. Assistiria enfim, a todos os jogos se pudesse.
Só existe uma coisa que me desagrada na Copa do Mundo. Na Copa temos a ilusão de amarmos o Brasil. Por trinta dias desenvolvemos um falso amor pela pátria. Tornamo-nos nacionalistas. Do Oiapoque ao Chuí. Alimentamos o amor e o ódio. A Argentina passa a ser nossa inimiga, foco de nossas atenções. E no caso de fracasso brasileiro, apelamos para nosso país de origem. Brasileiros descendentes de alemães passam a torcer pela Alemanha, italianos pela Itália e gremistas pela Argentina (opa isso é brincadeirinha). Nesse caso somente os índios, brasileiros de origem, ficam órfãos. A maioria continua ligada no espetáculo mundial.
É lógico que não falo daquele sentimento que a Copa proporciona aos amantes do futebol. Àqueles, que como eu, amam a bola, a redonda, a Jabulani, ou a gorduchinha se preferirem. Esses assistem até campeonato de reba se possível. Eles não fazem parte da massa eufórica, histérica e envolvida por esse falso sentimento.
E quando afirmo que é falso esse sentimento, afirmo isso por que ele não é constante, duradouro. Aos que acham que derramo mentiras aqui, só tenho a dizer que se esse sentimento patriota fosse verdadeiro, deveríamos realmente amar nosso país em todos os momentos e em todas as circunstâncias. Deveríamos vestir o manto verde amarelo até em campeonato mundial de bolita e banir as multinacionais que daqui levam nosso dinheiro. E porque não fizemos isso? Simples, pelo simples fato de não sermos estimulados a isso. São os grandes manipuladores de opinião que incutem essa paixão momentânea em nossos corações.
Para vocês me entenderem, esse sentimento de amor pela pátria é o mesmo sentimento de cidadania que toma conta da população em época de eleição e o mesmo sentimento cristão que fazem lotar as Igrejas em suas memoráveis datas cristãs, como a Páscoa e o Natal.
Não me critiquem por criticar. Eu só gostaria que as coisas fossem diferentes. Gostaria que o sentimento político persistisse fora da época eleitoral, que a busca religiosa fosse individual, verdadeira e coerente, e que o amor, não pela pátria, mas por toda humanidade fosse uma constante. Só queria isso. Será que é muito?
Um comentário:
Também assistiria a todos os jogos se pudesse. Ainda me lembro que na última copa fiquei desempregado bem no mês do mundial... Foi o melhor ócio não-remunerado da minha vida... Exceto pelo desfecho fatídico, rsrs
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