segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Eu gosto do Natal.

Gosto do Natal. Não, não sou cristão, não gosto da celebração do nascimento do Salvador que nada salvou, e muito menos comemoro o parto do Filho do Homem que nunca existiu. Inclusive como sabemos, o Natal na verdade era uma festa pagã em comemoração ao Solstício de Inverno, que no entanto foi incutida ao calendário cristão, para obviamente lucrar e evitar conflitos com a festa popular já estabelecida. Coisas da Igreja sabem? Onde tem dindin "eles" estão lá. É incrível como são obsecados por dinheiro.

Mas como dizia, gosto do Natal. E gosto do Natal, porque é ali que as pessoas lembram em geral uma das outras. É no Natal que elas se presenteiam, se abraçam e desejam felicidades ao próximo. É ali, que por um momento, mesmo que breve, as pessoas se sentem vivas, felizes por existireme fazerem parte do mundo.

Neste Natal, presenteei todo mundo lá em casa, e vivi uma cena comovente. Ao presentear minha irmã, recebi em troca um caloroso e sincero abraço, daqueles que a existência, por motivos desconhecidos, parece constantemente frear-nos de dar ou de receber no dia a dia. A existência é fria, calculista, racional, sem espaço para abraços, beijos e palavras verdadeiras. Sempre digo que não fizemos ideia de quantas pessoas amamos, e que na maioria das vezes apenas percebemos isso com a proximidade da morte. É um paradoxo cruel, mas parece que para valorizarmos precisamos estar na iminência de perdermos.

É por isso que gosto do Natal, ele serve para isso. Serve para não precisarmos do paradoxo; serve para abraçarmos e dizermos as pessoas que amamos o quanto queremos seu bem, e isso sem elas estarem prestes a morrer.

O Natal é uma invenção humana, tão idiota quanto nós humanos, mas que tem a importante tarefa, de ao menos uma vez ao ano, nos aproximarmos uns dos outros. Sou um existencialista, e sinceramente, prefiro o Natal do que a morte ou a Páscoa, que convenhamos, cheira defunto.

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